Narrado por IsabellaEu já tinha visto fotos. Já tinha imaginado. Já tinha assistido em filmes, em comerciais de perfume, em cenas de novelas. Mas nada — absolutamente nada — me preparou para a sensação de aterrissar em Paris nos braços do homem que transformou meu inferno em lar.O céu estava tingido de dourado quando o jatinho tocou o solo francês. Ares me olhou com aquele sorriso pequeno, de canto de boca, que dizia tudo e nada ao mesmo tempo. Luna estava no colo da babá, toda encolhidinha no macacão rosa que ela adorava. Ela parecia curiosa com tudo ao redor — as vozes em francês, as luzes diferentes, o friozinho gostoso da primavera.Ares: — Pronta pra viver, Isabella?Isabella: — Desde que seja com você... sempre.Entramos numa van preta, blindada, discreta. Ares nunca deixava de lado a segurança, mesmo longe do território dele. Zeus e Apolo ficaram para trás, resolvendo os últimos nomes da lista. Mas naquele momento, só existia eu, ele... e Paris.O hotel parecia saído de um so

Narrado por Isabella MarinoQuando eu era criança, eu sonhava com festas grandes. Mas nunca imaginei que um dia organizaria a festa de um aninho da minha filha… com balões dourados, docinhos personalizados e dois mafiosos temidos disputando quem é o melhor tio.Era cedo ainda quando acordei, e Luna dormia ao meu lado, com a boquinha entreaberta e a franja grudada na testa. Beijei sua testa e fui me arrumar. Hoje era o dia dela. O nosso dia. Um ano desde que minha vida mudou completamente.A casa foi transformada. Ares fez questão de que fosse algo inesquecível.O jardim foi decorado com o tema "Encanto da Lua" — uma escolha minha, claro. Tinha tudo a ver com o nome dela. Balões prateados e azul-claros formavam arcos imensos que cercavam o espaço. No centro, uma lua gigante iluminada, como se tivesse caído do céu só pra brilhar naquele momento. E um painel delicado com o nome “Luna” em letras douradas, cercado por estrelas e flores brancas.— Tá tudo perfeito — eu murmurei, com os olho

Narrado por Isabella MarinoDesde que saímos da clínica, eu não via a hora de contar pra todo mundo.Ares estava radiante. Parecia que tinha vencido uma guerra, selado um acordo com o próprio céu e ainda herdado o mundo de bandeja. E tudo isso por um simples motivo: ele vai ser pai de um menino.— Você tem certeza que quer contar hoje? — perguntei, enquanto ele pegava a chave da mansão.— Não aguento esperar mais um segundo. — Ele sorriu. — Eles merecem saber. Todos que caminharam com a gente. A família que a gente escolheu manter.Luna estava brincando no tapete da sala com Francesca quando chegamos. Ela levantou os olhinhos curiosos, e eu me abaixei pra pegá-la no colo. Cheirava a lavanda e inocência.— Oi, meu amor... mamãe e papai têm uma surpresa!Ares entrou logo atrás de mim, os olhos brilhando. Ele carregava uma caixinha pequena de presente que tinha preparado no carro — ideia dele, claro. Dizia que notícia boa se dá com estilo.Francesca se levantou devagar do sofá.— O que v

Narrado por Apolo MarinoA Espanha tem o cheiro exato da perdição.O tipo de lugar onde os homens se perdem sem nem querer ser encontrados.E eu?Eu não venho me encontrar.Eu venho me afundar.O jatinho pousou às duas da tarde, e às três eu já estava com um charuto cubano aceso, o paletó jogado em cima do sofá da cobertura e duas mulheres nuas na piscina, me esperando. Mas eu nem desci. Não era por falta de vontade. Era porque, pela primeira vez, o meu próprio tédio estava me sufocando.Luxo demais. Tesão de menos.Tudo muito fácil.Muito previsível.Apolo Marino não é qualquer homem. Eu sou o segundo dos Três Irmãos do Inferno. O que ninguém controla. O que ninguém espera.Meu irmão mais velho, Ares, é o Dom da máfia. Sangue, poder e controle.Zeus, o mais novo, é o estrategista. Frio como o pai. Ambicioso como o inferno.E eu?Eu sou o pecado.O vício.A tentação em forma de homem.Meu império não se construiu com armas. Se construiu com corpos.Eu comando as casas de luxo, os bord

Narrado por VioletaMe chamo Violeta Hernández.Tenho vinte anos.E sim... sou garota de programa.Nunca pensei que essa frase fosse sair da minha boca. Nem em pensamento. Eu era aquela garota comum de faculdade. Camiseta branca, calça jeans, café em copo de papel e apostilas rabiscadas. Estudava psicologia. Queria ajudar pessoas. Entender dores que não sangram.Talvez porque eu mesma carregasse tantas.Mas a vida tem uma forma cruel de girar.E às vezes ela gira e te esmaga.Minha mãe, a mulher mais forte que eu conheço, foi diagnosticada com adenocarcinoma pancreático. Um câncer agressivo. Silencioso. Quando descobrimos, já estava avançado. Os médicos disseram que, sem cirurgia, ela teria no máximo alguns meses de vida.A cirurgia custava 200 mil euros.Sem contar os medicamentos, a quimioterapia, as consultas, as internações.Duzentos mil.Duzentos mil euros...Pra salvar a única pessoa no mundo que me ama de verdade.Eu tentei tudo. T-u-d-o.Trabalhei em loja, fiz faxina, entregue