Narrado por ApoloO anel pesava no meu bolso como se fosse feito de chumbo.Não pelo peso real, mas pelo que ele representava. Um voto. Uma decisão. Um caminho sem volta.Eu caminhei até a sala de reuniões da mansão, onde Ares estava, com a firmeza de quem já sabe que vai encontrar resistência. Zeus estava fora, lidando com uma movimentação suspeita de nossos aliados em Nápoles. Era melhor assim. Hoje, essa conversa precisava ser só entre nós dois.Ares estava em pé, de costas pra mim, olhando pela janela como sempre fazia antes de dar uma ordem. O blazer pendurado na cadeira, as mangas da camisa dobradas até o cotovelo, os músculos tensionados. Ares era o tipo de homem que não precisava dizer que estava irritado — ele deixava o ambiente inteiro saber.Fechei a porta atrás de mim.Apolo: — Preciso falar com você.Ele não respondeu de imediato. Só virou lentamente, os olhos castanhos cravados nos meus. Não havia gentileza naquele olhar. Havia intuição.Ares: — Você vai fazer alguma mer

Narrado por AresO relógio da parede marcava 7h06 da manhã.Eu estava na sala de armas da mansão, limpando meu revólver favorito. O cheiro de óleo, pólvora e couro sempre me acalmou. Mas naquele dia... nada conseguia.Porque a notícia chegou como uma porrada seca no estômago.Zeus entrou, atirou o jornal sobre a mesa e cruzou os braços, me olhando como se esperasse uma explosão.E ele não precisou esperar muito.Na capa do tabloide estava a manchete maldita:“Apolo Marino e a ex-acompanhante Violetta: o pedido que abalou a aristocracia espanhola”Eu li aquilo com os olhos semicerrados. A foto mostrava Violetta com um anel no dedo e Apolo ajoelhado em frente a ela, sob um arco de flores. Não havia como negar.Ele realmente fez isso.Ares: – Ele perdeu o juízo...Zeus: – Ele tá apaixonado. E você sabe o que o amor faz com a cabeça de um homem.Joguei o pano com força na bancada.Ares: – Amor é uma coisa. Desonra é outra.Saí da sala como um furacão. Desci as escadas e atravessei o corre

Narrado por IsabellaO telefone vibrou sobre a mesa de mármore. Eu estava distraída, cortando frutas para as crianças, quando vi o nome acender na tela:Ares.Quase não atendo ligações dele. Desde que ele voltou da Espanha, algo dentro de mim dizia que aquele homem que conheci na juventude já não existia mais. Estava mais duro. Mais sombrio. Mais… violento.Mas atendi. Porque era o pai dos meus filhos. E porque, no fundo, eu ainda me importava.Isabella: — Ares?Ares: — Ele enlouqueceu, Isabella.Eu parei com a faca no ar.Isabella: — Quem?Ares: — Apolo. Ele ajoelhou pra aquela mulher. Pediu Violetta em casamento.Demorei alguns segundos pra responder. Sabia que isso ia acontecer. Apolo estava mudando, e ninguém podia negar que Violetta era parte dessa mudança.Isabella: — E o problema é…?Ares: — Você está de brincadeira? Aquela mulher vendia o corpo, Isa. Ela mancha o nome Marino só de respirar dentro da nossa casa!Fechei os olhos. Suspirei fundo. Ares era previsível. Mas não meno

Narrado por AresEu precisava de um copo de whisky antes de falar qualquer coisa.Entrei no escritório com o maxilar travado, tirei o paletó, afrouxei a gravata e fui direto até o bar. Me servi como se a bebida pudesse diluir o peso nas costas.Zeus já estava lá. Sentado, perna cruzada, charuto na mão, e aquele olhar de quem sempre enxerga além do óbvio.Zeus: — E então?Ares: — Ela é esperta. Inteligente. Tem argumentos. Não fugiu das minhas perguntas. Não baixou a cabeça. Mas…Dei um gole longo no copo. O álcool queimou descendo.Ares: — Tem algo nela que não consigo engolir. Talvez seja o passado. Talvez seja a facilidade com que ela encara tudo. Como se já tivesse aprendido a sobreviver a qualquer tempestade.Zeus: — Ou talvez isso seja exatamente o que a torna forte.Revirei os olhos.Ares: — Não estou aqui pra filosofar, Zeus. Estou tentando proteger o nome da nossa família.Zeus: — Proteger ou controlar?Fiquei em silêncio. Ele sabia onde apertar.Ares: — Eu vi a forma como ela

Narrado por LéaAlguns homens são como muralhas.Grossas. Frígidas. Inabaláveis.Mas mesmo as mais sólidas têm rachaduras.Zeus Marino era uma fortaleza erguida em concreto de comando, sangue e estratégia. E o mais interessante? Ele sabia que eu estava tentando escalar os muros dele.E mesmo assim… ainda me deixava chegar perto.Fiquei sentada no mesmo bar do hotel por mais de uma hora. Sozinha. Taça de vinho pela metade. As pernas cruzadas num vestido vermelho justo, mas elegante. Disfarçando o tédio com classe. O cabelo solto, brincos de pérola, batom suave. Quase uma pintura.Quase uma armadilha.Até que ele apareceu.Terno preto, camisa escura, o mesmo olhar glacial que mais parecia uma faca escondida entre as sobrancelhas.Zeus: — Você sempre escolhe a mesma taça ou isso é um tipo de superstição francesa?Léa: — Talvez seja esperança. De que você voltaria.Ele sorriu de canto. Mas não era um sorriso simpático. Era um sorriso de aviso.Zeus: — Você estava esperando por mim?Léa: —