A pousada é minúscula e parece saída de um filme de terror: paredes descascadas, madeira envelhecida pelo tempo e marcas umidade, entre outras que deixavam óbvio que a área não é segura, o que percebi assim que entramos naquele bairro. Dona Marta, a dona do local, surgiu como um contraponto absurdo àquele cenário. Uma senhorinha agradável, de cabelo prateado e sorriso fácil veio empolgada nos recepcionar.— Aqui é simples, mas está tudo limpinho e é aconchegante — disse, piscando um olho enquanto nos guiava pela escada de madeira que rangia a cada passo. — Deram sorte que desocuparam um quarto agorinha.O tal quarto era uma piada de mau gosto: duas camas de solteiro separadas por um vão que mal cabia um suspiro. A cortina de flores desbotadas dançava com a brisa que entrava pela janela sem vedação, o assoalho gemendo a cada movimento, e o cheiro... Ah, o cheiro era a única coisa agradável ali– roupa lavada com sabão de coco e um leve traço de baunilha.— Perfeito — murmurou Lucky, de

De volta ao quarto da pousada, joguei minha bolsa na cama e deixei escapar um suspiro que carregava todo o cansaço das últimas nove horas. Meus pés pulsavam dentro dos saltos. O alívio foi instantâneo quando os chutei para longe, sentindo cada músculo da planta dos meus pés se expandirem com um gemido quase obsceno.Por incrível que pareça, estamos quase no controle da situação. Os cancelamentos tinham sido um caos, mas consegui remarcar as reuniões mais importantes. Lucky, com sua calma irritantemente eficiente, negociou a recolocação de suas palestras. E, milagre dos milagres, o gerente do evento ainda não tinha preenchido um dos horários.— Vitória da equipe Hart! — gritei para o teto manchado, erguendo os punhos antes de deixar meu corpo desabar no colchão duro que prometia deixar minha coluna em frangalhos.De volta ao minúsculo refúgio, finalmente posso relaxar. Ou tentar.— Sobrevivemos — a voz de Lucky ecoou de algum canto do cubículo que chamam de quarto.— Diga por você... —

A porta do quarto bateu atrás de nós com um estrondo. Mal tive tempo de respirar antes que Lucky me empurrar contra a parede, seus lábios encontrando os meus com uma urgência que me tirou o ar dos pulmões.— Lucky... não podemos... — meu protesto se perdeu quando suas mãos encontraram meus quadris, apertando com uma posse que fez meu sangue ferver.— Shhh, mia bella — ele sussurrou contra minha boca, seus dentes mordiscando meu lábio inferior.Meu corpo reagiu antes que minha mente pudesse processar. Minhas mãos se enterraram em seu cabelo, puxando-o para mais perto, enquanto minhas costas arqueavam contra ele num movimento involuntário. O calor do seu corpo através da camisa era quase insuportável. Quero mais, quero sentir sua pele contra a minha.De algum modo, tropeçamos em direção à cama mais próxima, nossas bocas se separando apenas pelo tempo necessário para ele arrancar a camiseta. Quando minhas costas encontraram o colchão duro, Lucky parou por um instante, seus olhos escuros