♡ Bianca ♡A semana prosseguiu sem estresse, além da insistência de Aidan em marcar presença, mesmo não podendo entrar no andar da presidência. Ele decidiu que a fórmula para conquistar meu perdão é me enviar flores. Todos. Os. Dias. Rosas vermelhas na terça, lírios brancos na quarta, margaridas amarelas na quinta, cravos vermelhos hoje.Não quero as flores. Nem os bilhetinhos que vinham com elas, escritos à mão, com a letra dele tão familiar que doía. "Pensei em você hoje". "Espero que esteja bem". "Me perdoe". “Te amo”.Embora não quero as flores, sinto que jogá-las fora é maldade com as pobrezinhas, que não tem culpa das canalhices de quem as enviou. Então, as mando para a recepção do prédio, onde a simpática recepcionista as arruma em um vaso grande, sorrindo como se eu fosse a protagonista de um romance fofo.— Outro buquê, Bianca? — ela perguntou hoje.— Sim. Pode ficar com ele. Ou dar pra quem quiser. — Empurrei o arranjo para ela, evitando olhar para as pétalas vermelhas como

♡ Bianca ♡O sinal de alerta tocou assim que minha mãe me recepcionou com um abraço carinhoso— Bianca, finalmente! — A voz aguda da minha mãe ecoou junto ao meu ouvido. Ao se afastar seus olhos pousaram em Lucky — E trouxe um convidado... Quem é esse seu... amigo?— Lucky Hart. — Ele estendeu a mão, que ela aceitou me olhando intrigada.— Hart? Como o...— Sim — a interrompi, ajustando meus óculos. — Lucky é o irmão mais velho do Aidan. Podemos entrar ou vamos ficar parados aqui o dia todo? — questionei me adiantando para dentro.Foi quando tive a desagradável surpresa.Aidan, perfeitamente arrumado como sempre, com aquele sorriso encantador que me enganou durante seis anos, juntando o tempo que fui contratada como assistente da presidência. Jéssica, minha querida irmã, estava colada nele, vestindo um delicado vestido rosáceo e florido que a fazia parecer angelical. Hipócrita.— O que ele está fazendo aqui? — perguntei, intercalando meu olhar por meus pais, ignorando Aidan e Jéssica.

♡ Bianca ♡O motor do carro ronronava suave, mas meu sangue fervia nas veias. Assim que a casa dos meus pais desapareceu no retrovisor, explodi.— Sério?! "Você precisa perdoar, Bianca. Família é família, Bianca." Como se eu fosse a errada nessa história toda! — Minhas mãos gesticulavam tão freneticamente que quase bati no painel. — E a Jéssica com aquele vestido de bonequinha, fingindo que não fez nada de mal, que é um anjo de candura!Lucky não disse nada, apenas mantinha as mãos firmes no volante, os olhos fixos na estrada.— E minha mãe! "Ela é jovem." PORRA, EU TAMBÉM SOU JOVEM! — Respirei fundo, tentando controlar a voz que ameaçava quebrar os tímpanos de nos dois.De repente, o Jaguar fez uma curva brusca para a direita, saindo da rota que levaria de volta ao apartamento.— Onde está indo?!— Algum lugar em que possa gritar sem me deixar surdo — ele respondeu com um meio sorriso.Minutos depois, estacionávamos numa área arborizada, quase deserta. Lucky desligou o motor, saiu do

♡ Bianca ♡A luz artificial do prédio corporativo refletia no longo vidro da mesa de reuniões, criando um brilho frio e impessoal que contrastava com a tensão palpável no ar. Eu mantinha as mãos firmes em volta da minha xícara de café, sentindo o líquido quase queimar minha pele - assim como a raiva que emanava de Aidan, do outro lado da mesa por ser, novamente, preterido pelo avô. Mesmo aposentado, Arthur tinha poder no conselho e o usou para definir quem representaria a empresa no maior evento do primeiro trimestre.Sentado na cadeira a direita de Lucky, ajustou o punho da camisa impecavelmente branca antes de falar.— A conferência no Rio é crucial — declarou, os olhos azuis claros pousando alternadamente em mim e em Lucky. — Precisamos fechar com a Tanaka Tech, quero vocês dois lá.Lucky, impecável em seu terno azul-marinho, que fazia seus olhos parecerem mais profundos, inclinou a cabeça em assentimento.— Bianca já preparou toda a documentação — comentou, tomando um gole de café

♡ Bianca ♡A mala aberta sobre a cama me encara, seu vazio um lembrete mudo da minha procrastinação. O voo partiria em poucas horas, e além dos documentos meticulosamente organizados na pasta executiva, meu guarda-roupa permanece uma paisagem de possibilidades não resolvidas. Minhas mãos hesitam sobre os cabides, enquanto avalio as peças, incerta de quais levar, que passem a seriedade e profissionalismo que o evento exige.— Ainda não arrumou as malas, bella?Olhei para a porta, encontrando Lucky escorado nela, analisando a mala sobre a cama, sem nada além da nécessaire que joguei instantes antes.— Tenho mais facilidade em arrumar arquivos que vestimentas — respondo, tentando ignorar como os músculos de seus braços se destacam sob a camisa social branca.— Deixe-me ajudar.— Quer escolher as minhas roupas?!Ele deu aquele sorriso lento, de canto, e entrou sem convite, parando ao meu lado. O quarto ficou menor com sua presença, o perfume de sândalo me abraçando conforme se inclinava s