A nova rotina de Clara parecia simples aos olhos de quem via de fora, mas cada pequeno ato representava uma conquista. Acordava cedo, preparava o café da manhã com Aurora, ajudava a filha a se vestir, e depois a deixava na escola. Em seguida, seguia para o trabalho na ONG, onde organizava documentos, atendia pessoas, participava de reuniões e se sentia, finalmente, parte de algo útil.Mesmo assim, havia noites em que a solidão era mais barulhenta do que gostaria de admitir.Era difícil olhar para o espelho sem ver o passado refletido. A mulher que enganou, que mentiu, que seduziu e que destruiu. Apesar de estar reconstruindo sua vida, sabia que nunca apagaria o que havia feito. E talvez nem quisesse. Suas cicatrizes contavam sua história — uma história que, agora, ela queria
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