O porão da mansão Bianchi exalava um frio úmido, o tipo que grudava nos ossos. As luzes artificiais lançavam sombras duras contra as paredes de concreto. Onde antes Clarisse Diniz havia gritado, agora reinava o silêncio — limpo, seco, preparado para novos fantasmas.Diante de um monitor, Matteo assistia, impassível, ao momento registrado pelas câmeras: Beatriz atravessando o jardim com passos leves, o sol refletindo em seus cabelos. O entregador já estava parado junto ao portão lateral, com a moto estacionada, o capacete pendurado no braço e a mochila de entregas ainda nas costas. Os seguranças o questionavam, checando autorizações, mas ele insistia que precisava entregar logo — “estava com pressa, tinha outras entregas”. Bia se aproximou, curiosa, e ao vê-lo ali parado, se ofereceu para receber. Pegou o pacote sem muita cerimônia e seguiu direto para dentro.Parecia uma entrega qualquer. Mas não era.Matteo cruzou os braços, o olhar se fixando nos dois homens ajoelhados à sua frente.
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