Narrado por MarianaO dia começou igual aos outros: a luz fraca entrando pelas frestas das janelas, cortinas grossas mal desenhadas, e o leve eco dos passos dos vapores nos corredores. Eu abri os olhos e senti novamente o peso enorme da casa segura. As paredes me cercavam, mas não havia muralhas de pedra — apenas seguranças, câmeras e portas blindadas. Na prática, era um castelo, mas para mim parecia uma gaiola.Levantei devagar, observando a sala silenciosa. Havia um sofá enorme, uma televisão sempre ligada em canais que falavam de violência e “soluções”, e à frente, duas portas que davam para quartos trancados. Cada manhã, eu fazia o mesmo caminho: passava pelos vapores que me cumprimentavam com acenos contidos — Tavinho, Aline, Tuca. Eles eram leais ao Rei, carregavam armas e promessas de proteção, mas não trocavam uma palavra além da necessidade. A cada vez que eu cravava os olhos em suas fardas escuras, sentia um frio na espinha. Não era hostilidade; era o reconhecimento de que e
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