Narrado por Mariana
Desde o bilhete, eu não dormia direito. Por mais que o Rei dissesse que eu estava segura, que nada ia me acontecer de novo, alguma coisa no meu peito me apertava de um jeito estranho. Era como se eu sentisse que o pior ainda não tinha acontecido. E eu aprendi, na marra, que pressentimentos não devem ser ignorados.
Voltei ao hospital naquela manhã, tentando me focar nos pacientes, nas reformas que já tinham começado e nos equipamentos novos que chegaram. A equipe tá mais animada, e isso me dava uma sensação de dever cumprido. Mas era só olhar pros lados e ver um guarda armado ou um olhar atravessado vindo de um canto da sala pra me lembrar que a paz ali dentro era frágil demais.
Luísa veio me encontrar na hora do intervalo. A mesma de sempre: sorriso doce, rápida no café, cheia de piadas pra quebrar o gelo. Mas algo nela... não sei. Talvez fosse minha paranoia, talvez fosse o medo falando mais alto, mas eu comecei a reparar em cada olhar que ela dava pro meu celular