PRÓLOGOCidade de Solidão, Noriah Sul, janeiro de 2000.Desde que eu o vi pela primeira vez, meu coração batia como se fosse uma bomba-relógio, prestes a explodir. E achei que algum dia aquela sensação fosse mudar. Mas nunca mudou. O que eu sentia continuava intenso, como sempre. Aquele garoto era o ar que eu respirava e estar longe dele era como estar sentada numa varanda numa noite de tempestade, esperando pela morte.O vento cortava como uma lâmina quando subimos a montanha íngreme e pedregosa, nossos dedos entrelaçados tão firmes que doíam. Eu sabia que se caísse, ele não me soltaria. Nunca. Mas não sabia que, no fim, seria ele quem me deixaria escorregar.Assim que chegamos, gentil como sempre, ele estendeu o casaco com o emblema do colégio sobre as pedras, para que eu pudesse sentar em cima. Respirei fundo e olhei para a cidade de Solidão, do alto do moro, e sorri quando senti seu braço gentilmente sobre meus ombros, puxando-me contra si. Seu coração batia rápido demais. Eu devi
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