As mãos de Juan nunca tremeram. Nem quando segurou a arma pela primeira vez, nem quando assinou contratos que mudariam destinos de famílias inteiras, muito menos quando enfrentou o próprio irmão em discussões que acabaram manchando de vez a memória da família deles. Mas agora, sentado na beira da cama, olhando o quarto iluminado pela luz amarela do abajur, ele percebeu que tremia. Não de frio, mas de medo.Ayla dormia ao seu lado, o corpo cansado e pesado pela gravidez. A respiração dela tinha um ritmo irregular, às vezes curta, às vezes funda, como se cada suspiro fosse uma luta contra o próprio desconforto. A barriga enorme se erguia sob o lençol, e Juan, deitado de lado, estendeu a mão com cuidado, encostando os dedos naquele peso de vida. O bebê se mexeu, uma pequena onda percorrendo a pele de Ayla, e ele puxou o ar com força, como se não estivesse pronto para sentir aquilo.Ele sempre foi o homem do controle. O que planejava, o que sabia como agir, o que media forças com todos à
Ler mais