O restaurante ficava no alto de um dos prédios mais sofisticados de Boston, com vista panorâmica da cidade tingida de névoa. As luzes suaves, o piano ao fundo, o serviço silencioso. Era o tipo de lugar onde segredos eram sussurrados entre taças de cristal.Marie Leroy já estava sentada à mesa quando Giovanni chegou.Vestia preto, como sempre, com os cabelos presos num coque impecável e um batom vermelho escuro que destacava o sorriso de aparente confiança. O decote era ousado, as pernas cruzadas sob o vestido de seda mostravam que ela ainda sabia como usar o próprio corpo como arma.Mas, quando Giovanni Bianchi apareceu no salão, ela congelou por um segundo.Ele vinha como uma tempe

 A porta se fechou atrás dele com um clique suave. Giovanni removeu as chaves do bolso interno do paletó, pousando-as sobre a bandeja de prata no aparador da entrada. O som metálico foi o único ruído a ecoar pela casa.Silêncio.Silêncio demais.Ele franziu o cenho.Normalmente, àquela hora, escutaria a voz de Nora tagarelando palavras inventadas, ou o arrastar dos brinquedos pelo chão, ou ainda o som suave de Sophia lendo histórias perto da lareira.Mas agora… nada. Nem uma risada. Nem passos.A casa parecia repousar em um respiro profundo, como se o mundo tivesse segurado o fôlego por u

 A madrugada se despedia lentamente do céu, tingindo o quarto com um tom âmbar que filtrava pelas cortinas semi abertas. Lá fora, o silêncio era interrompido apenas pelo canto discreto dos primeiros pássaros, mas dentro do quarto, o mundo inteiro parecia conter-se em dois corpos entrelaçados sob lençóis amarrotados e respirações suaves.Giovanni acordou antes do sol se erguer por completo, o corpo ainda colado ao de Sophia. Estava deitado de lado, uma das mãos repousando sobre a curva da cintura dela, e o rosto a poucos centímetros do pescoço delicado que exalava o perfume doce da noite anterior, uma mistura de sabonete suave e suor saciado.Ela dormia profundamente, com os lábios entreabertos e o rosto relaxado em serenidade. A luz da manhã tocav

O jato particular havia tocado a pista gelada de Moscou com a suavidade de um sussurro, mas o calor entre Sophia e Giovanni ainda queimava como brasa viva sob a pele. Enquanto os motores esfriavam e o céu nublado se fechava sobre a capital russa, a cabine da aeronave permanecia envolta em um silêncio denso, carregado de algo que nenhum piloto ou comissário ousaria interromper: o domínio silencioso de um homem que acabara de possuir sua mulher como se o mundo lá fora não existisse.Sophia ainda estava deitada na poltrona reclinada, o corpo nu sob a manta de cashmere que Giovanni jogara sobre ela depois da última investida. O tecido luxuoso era inútil contra o calor que ela sentia por dentro, um calor que ele havia aceso e que não diminuía nem com o tempo, nem com a altitude.Giovanni estava de