BernardoEu estava sentado na mesa do escritório, os papéis espalhados à minha frente, mas minha mente estava distante. O som dos passos ecoando pelo corredor parecia abafado, como se eu estivesse preso em uma bolha, longe de tudo. A fazenda, a administração, os negócios… tudo parecia um pouco mais pesado hoje. Minha mente voltava para Laura. A forma como ela estava vulnerável ontem, como segurou minha mão quando a dor da picada da cobra se intensificou, confiando em mim, ainda que contra sua vontade. Como, pela primeira vez em muito tempo, ela não ergueu barreiras quando a ajudei a tomar banho, passando a esponja por seus ombros, suas costas… O silêncio dela naquela hora foi diferente. Não foi desconfortável, não foi de resistência. Foi como se, por um breve momento, ela tivesse se permitido apenas estar ali comigo. E depois, quando se deitou ao meu lado, adormeceu sem esforço, como se estivesse segura. Como se eu fosse alguém em quem ela pudesse confiar. Mas eu sabia a verdade
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