A batida leve na porta interrompeu meus pensamentos.
— Pode entrar — respondi, sem tirar os olhos da planilha aberta no computador.
Quando a porta se abriu, levantei o olhar e vi Laura. Ela continuava do mesmo jeito, linda mas assim que coloquei os olhos nela, algo estava diferente. Os ombros rígidos, o rosto mais pálido, os olhos… distantes. Nada nela lembrava a mulher que geralmente entrava como uma tempestade tranquila, cheia de presença. E também não estava a mesma mulher receptiva e quente de ontem a noite.
— Achei que ia tomar café com sua tia hoje, por isso saí cedo e não fiquei na cama. — comentei, tentando manter o tom leve.
Ela fechou a porta devagar, como se o som pudesse quebrá-la por dentro. Encostou-se ali, sem dizer nada por alguns segundos. Então soltou, num tom curto:
— Mudei de ideia.
Minha atenção se prendeu nela de vez. O jeito como ela falava, como olhava para o chão… Laura sempre foi intensa, mas aquilo era diferente. Como se estivesse tentando se pro