Não fiquei na cama remoendo o fragmento que Laura havia deixado escapar sobre o passado. Eu queria, mas não podia. Me levantei, tirei a roupa e entrei no chuveiro. A água morna escorria pelos meus ombros, trazendo um alívio momentâneo, como se pudesse lavar as dúvidas e a tensão que cresciam dentro de mim.
Fechei os olhos e deixei a testa encostar na parede fria, tentando organizar os pensamentos. Foi quando ouvi a porta do banheiro se abrir. Não me movi, tampouco abri os olhos. Eu sabia quem era.
Senti seu perfume doce se espalhar pelo ambiente — um cheiro que agora parecia inevitavelmente ligado à ideia de casa, embora eu soubesse que talvez nunca tivesse isso de verdade com ela. Meu peito se apertou. Estava cansado de tentar entender a Laura.
Senti sua presença se aproximar lentamente, seus passos leves no piso do banheiro. A porta do boxe se abriu devagar, deixando entrar uma lufada de ar mais frio. Não precisei olhar para saber que era ela. Laura entrou em silêncio, como se es