A chuva martelava o telhado como dedos ossudos, seu ritmo quebrado apenas pelo ocasional pio de um mocho nas trevas. O aposento, envolto na penumbra dançante das lamparinas, exalava o peso de séculos — suas paredes de madeira enegrecida consumidas pelo tempo, mas ainda de pé.Como silenciosas testemunhas.O trono de ébano dominava o espaço, suas ancestrais inscrições sussurrando segredos em línguas mortas para quem soubesse ouvir. Nele, Arikhan, o Espectro do Eclipse, permanecia imóvel, tão estático quanto as sombras que o rodeavam. Os únicos outros presentes eram vultos — estrategistas encapuzados, cujas faces permaneciam ocultas, mas cuja atenção era tangível.Então, como uma fenda abrindo-se no véu da realidade, os olhos de Arikhan despertaram.Dois rasgos gélidos sob o capuz, pairando sobre a adaga que repousava em sua mão. A lâmina de prata escura devolvia um brilho pálido, seu fio perfeito como o silêncio que precede o golpe mortal.— Magia — sua voz ecoou — é uma corrente.Os e
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