Mapache escolhera o refúgio com a destreza de quem joga xadrez contra o próprio destino.
O vale entre os montes escuros... um lugar quase esquecido — perto o suficiente da fronteira do Vale Negro para ser conveniente, longe o suficiente da Floresta das Sombras para não atrair olhares indesejados. Quase um não-lugar. Quase uma brecha na realidade.
A assassina agora habitava aquela dobra de terra, onde as rochas tinham veios de prata morta e o vento assobiava entre fendas como espectros com segredos.
Tupã conhecia aquele tipo de lógica.
Mapache não a escondera por bondade.
Nem por estratégia comum.
Aquele vale era um convite disfarçado.
Algo entre uma armadilha e um altar.
E Tupã se perguntava, conforme observava os montes ao longe, se a assassina sabia que seu refúgio tinha o hábito de... mudar de forma nas noites de lua cheia.
Havia nevado tanto naquela noite.
A neve caía em mantos espessos, envolvendo o mundo num silêncio mortal. Tupã estacou diante de Mapache e da deslumbrante jovem