SAVANAO resto da manhã pareceu comprido demais.Mesmo depois que Caleb saiu do galpão, a presença dele ficou ali — pairando no ar como o vapor quente que subia das máquinas.Por mais que eu tentasse continuar a planilha, revisar os números, concentrar no trabalho, a mente fugia. Entre uma anotação e outra, o olhar se perdia na janela, onde o campo brilhava sob o sol novo. E então decidi seguir o conselho dele e fui montar.Não era fuga. Era lembrança.Quando o mundo desabava, o cavalo sempre foi meu lugar seguro. E, naquele momento, eu precisava desse refúgio mais do que de qualquer planilha.Fui até o estábulo com passos firmes, tentando não pensar demais. Relâmpago ergueu a cabeça assim que me viu. O brilho nos olhos dele era familiar — vivo, confiante, paciente. Parecia entender, sem precisar de palavra alguma, que eu não estava ali pra treinar. Estava ali pra respirar.— Oi, garoto — murmurei, passando a mão no pescoço dele. — Pronto para da um saltos hoje?Ele bufou, quente, com
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