Lívia
A porta se abriu devagar. O cheiro doce dos filhotes chegou primeiro. Um sopro de vida no quarto onde tudo ainda doía.
Amiel entrou em silêncio, trazendo duas nos braços. Logo atrás, Antero carregava outro. Envoltos em um tecido branco que contrastava com seus olhos brilhantes e vivos.
Eles estavam ali.
Meus filhotes.
E eu... ainda quebrada.
Minhas mãos tremiam quando Amiel se aproximou. Quis fugir, virar o rosto, mas meus dedos se moveram antes da minha vontade. Eu os estendi.
E, quando o primeiro deles foi colocado em meu colo, algo quebrou dentro de mim.
Ou talvez tenha sido algo renascendo.
Um calor novo me percorreu. Não era físico. Era antigo, primitivo. Começou na pele, subiu pelo peito e explodiu na mente — como se mil estrelas se acendessem de uma só vez.
O vínculo.
Eles me reconheciam. E eu a eles.
A segunda foi colocado ao meu lado, aconchegando-se perto do meu corpo como se ali fosse o único lugar seguro no mundo. A menorzinha veio por último.