Angeline estava exausta, mas o desespero lhe dava forças. Debatia-se como podia. Mordeu a mão do homem, sentindo o gosto de sangue; ele gritou e a soltou por um segundo, tempo suficiente para ela tentar escapar. Mas o outro a agarrou pelas costas, prendendo-a contra o peito.
Do outro lado da cidade, Dante parou o carro na sombra de um galpão abandonado. Desceu com um movimento rápido, atento ao menor som. No píer, silhuetas se mexiam entre as pilhas de caixas. Ele puxou a pistola e a armou, o clique quebrando o silêncio.
Um tiro veio primeiro, ricocheteou na parede, faiscando. Dante revidou sem hesitar. O estalo seco dos disparos se misturou ao barulho metálico de latas caindo. Outro tiro. Um gemido abafado.
Ele precisava ser preciso. Estava sozinho. E não poderia errar.
Avançou abaixado, oculto entre paletes e caixas de madeira ensopadas pela maresia. O ar cheirava a peixe velho, ferrugem e perigo.
Tiros varreram o corredor entre os contêineres. No mesmo instante, o ronco de uma moto