2-" Levemente adocicados."

Enquanto Angeline seguia com seu noivo de volta para Verona.

Em Milão...

O silêncio dentro do Lincoln era quase palpável, Dante desviou o olhar para a estrada, os dedos tamborilando no joelho em um ritmo impaciente. O motorista fingia não notar, mas o ar dentro do carro estava pesado, carregado de algo que nem o silêncio conseguia disfarçar.

Dante fechou os olhos, exausto. Precisava recuperar sua arma... e aquela garota insolente lhe devia isso.

Mas, no instante em que o silêncio o envolveu, a lembrança voltou nítida:

O rosto dela, a pele quente sob seus dedos.

Os olhos verdes, assustados, mas cheios de desafio.

O toque involuntário.

Os lábios úmidos, surpreendentemente doces.

O corpo firme, delicado, reagindo ao seu com um misto de irritação e tensão.

Ele inspirou fundo, como se ainda pudesse sentir o cheiro dela preso à gola de sua camisa.

Um sorriso discreto, quase imperceptível, escapou-lhe ao lembrar da expressão indignada dela quando ele a elogiou pelo gemido que soltara.

Oton percebeu o sorriso, mas continuou olhando para a estrada.

Como sempre, sabia quando não deveria fazer perguntas.

Na mansão, com fachada de pedras rústicas, a porta grande de madeira maciça foi aberta, tudo exalava solidez e isolamento.

Com um suspiro cansado, Dante desceu do carro e entrou, indo direto à adega. Pegou uma garrafa de vinho e subiu para o quarto.

— Posso servir o jantar? Oton perguntou, vendo-o subir as escadas.

— Não. Vá descansar. Respondeu sem olhar para trás.

Na estrada para Verona, Angeline fechou os olhos, frustrada. A dor no tornozelo latejava, mas ela não disse nada. Encostou a cabeça no banco e permaneceu em silêncio.

Marco a observava de soslaio, entre o desejo e o ódio, o controle e o impulso.

Quando chegaram à cidade, as luzes invadiram o interior do carro. Ela abriu os olhos, cansada, a expressão firme.

— Me leve para minha casa. Disse apenas.

— Vamos conversar, eu posso te explicar...

— Você não me deve explicação. Respondeu com a voz fraca, mas decidida. Estava cansada de tudo e todos.

Aquela situação já se arrastava havia mais de sete anos. Era apenas uma garota quando Marco começou a persegui-la.

No início, achou que era apenas amor demais, mas era mais que isso era controle, se conheceram ainda no colégio, ele se formou, e ela ficou. Desde então, ele mantinha um homem a vigiando, afastando qualquer um que tentasse se aproximar. Dizia ser para a segurança dela.

Marco era o solteiro mais cobiçado de Verona, bonito, rico, popular. E, para ela, no entando, agora, uma prisão.

Seu pai soube do interesse dele e fez de tudo para criar oportunidades para que se encontrassem. Já mantinha alguns negócios com a família Mancini, mas queria mais: queria entrar no círculo restrito das famílias da máfia.

Marco vendo-a calada, suspirou, cansado, mas a conhecendo bem, sabia que era melhor dar tempo a ela, a raiva passaria e logo cederia a ele.

Quando o carro parou diante da mansão dos Conti, Angeline abriu a porta, mas ao colocar o pé no chão vacilou, caindo novamente sentada no banco.

Marco abriu a porta rapidamente e correu até ela.

A cena foi assistida por Margaret que os espreitava pela janela de seu quarto, no segundo andar, ansiosa para ver Marco arrastar Angeline, mas o que viu, de longe, parecia uma cena... romântica.

Rubens, pai de Angeline, também os aguardava.

No carro, Marco se abaixou diante dela.

— O que houve? Perguntou, ao notar gotas de suor em sua testa e o rosto contorcido pela dor.

— Não é nada, apenas torci o pé. Respondeu Angeline.

— Me deixe ver. Ele suavizou a voz. — Isso é culpa sua, precisava sair daquele jeito?

— Não precisa... ai! Ela reclamou quando ele tocou o tornozelo, já inchado.

Sem dizer mais nada, ele a ergueu nos braços e entrou na mansão.

Caminhava com elegância; a camisa e a calça pretas realçaram seu corpo, também contrastavam com os cabelos loiros e os olhos claros.

— Marco, nos desculpe... Angeline é muito impulsiva, Rubens tentou se justificar, aflito.

Marco, porém, não lhe deu ouvidos.

Subiu as escadas sem responder.

Margaret, no corredor, manteve o rosto franzido, como se tivesse chupado limão, ao vê-lo subir com Angeline nos braços.

Marco colocou Angeline em uma poltrona e se ajoelhou à frente dela.

Segurou o pé machucado com cuidado, enquanto ela, desconfiada, segurava a barra do vestido.

Verônica e Rubens apareceram na porta do quarto. Verônica era a segunda mulher do pai de Angeline.

— Angeline, você devia agradecer a paciência que Marco tem com você. Disse ela, cuspindo as palavras com uma fingida preocupação.

— Vá buscar um saco de gelo, ela torceu o pé. Marco pediu, sem desviar o olhar de Angeline.

O casal se afastou, deixando-os a sós.

— Olhe para mim, Angel. Disse ele em voz baixa, quase carinhosa.

— Pare de me chamar de Angel. A resposta saiu seca. Ela mantinha o olhar firme na janela.

— O que aconteceu lá não é o que parece. Margaret... Ele começou, mas se interrompeu quando Rubens voltou trazendo o gelo.

— Veja como Marco é atencioso com você, apesar de toda a confusão que causa. Disse o pai, forçando um sorriso que não alcançava os olhos.

Angeline suspirou, exausta.

— Estou cansada. Vocês podem me deixar? Pediu, sem paciência, para o teatro do pai nem para a presença de Marco.

Marco a colocou na cama com cuidado, quase sem tocar.

Angeline se deitou, virada de costas para a porta, mas podia sentir o olhar dele sobre si. Um silêncio carregado pairava entre eles, pesado e íntimo ao mesmo tempo.

Ele suspirou, controlando a frustração, e se virou para sair do quarto.

Rubens tentou se desculpar na escada.

— Marco, eu...

Ele nem prestou atenção. Seguiu descendo, cada passo firme e medido, como se o mundo inteiro estivesse ali apenas para ser atravessado por ele.

Ao chegar à sala, Margaret parada, envolta em um robe vermelho de cetim, um ombro exposto de forma proposital. Um convite silencioso, quase provocativo.

Marco a observou por um instante, mas não cedeu.

Ignorou-a completamente, deixando a família para trás, o olhar já voltado à imagem que carregava na mente: Angeline, sozinha, exasperada, mas firme.

O silêncio da casa parecia respirar com ele, ecoando a determinação e o desejo contido, e nada mais importava naquele instante.

Sozinha no quarto, Angeline suspirou, deixando o corpo afundar na cama.

Por um instante sentiu o perfume do estranho do trem. O cheiro ainda impregnava suas mãos.

Levantou-as até o rosto e inalou profundamente, permitindo que a memória do que acontecera no trem inundasse sua mente.

O calor subiu ao peito, forte e inesperado, misturando ansiedade, desejo e um estranho prazer.

Por um instante, fechou os olhos, perdida naquela lembrança, sorriu.

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