— Por que ficou sem palavras? — Caiu soltou um riso de desdém. — Não vai continuar fingindo? Está com medo agora?
— Ela deve ter se lembrado dos rumores sobre Carlos, não é? — Lina imediatamente entrou na conversa, com a voz enjoada de tão melosa. Ela puxou levemente a manga de Caio, mas o olhar no canto dos olhos veio cheio de provocação em minha direção. — Se realmente se casar com o Carlos, temo que nem seus ossos ficarão para trás.
Uma onda de risadinhas baixas ecoou ao redor, e alguns jovens lobisomens chegaram a assobiar de propósito.
Na outra realidade, neste momento, eu provavelmente já teria avançado na Lina para arrancar seus cabelos. Mas agora, tudo era diferente.
— Não é da conta de vocês quem eu escolho ou deixo de escolher. — Levantei os olhos para encará-los, a minha voz era tão firme que até a mim, surpreendeu.
O sorriso de Lina vacilou por um instante. De repente, ela levou a mão ao peito e começou a tossir, os ombros frágeis dela tremiam como folhas ao vento.
— Como você pode falar assim? — Seus olhos vermelhos se encheram de lágrimas, que em seguida rolaram em cascata. — Eu só estou preocupada com você. Afinal, você até teve coragem de proteger o Caio de uma flecha de prata de um caçador.
— Ai! — Lina soltou um grito fingido, quando eu estava prestes a me virar.
A taça de vinho que segurava escapou da sua mão e despencou no chão. No instante em que a taça estava prestes a chegar no chão, ela se jogou contra mim e, fingindo ter sido empurrada, cambaleou alguns passos para trás até cair com todo peso do corpo no chão.
— Mana! — Seu choro era de soluçar, as lágrimas despencando como pérolas soltas de um colar rompido. — Mesmo que não goste de mim, não precisava me empurrar... Minha perna ainda não está curada, está doendo tanto!
O rosto de Caio ficou imediatamente fechado. Ele se apressou em se colocar na frente da Lina, com o olhar tomado por uma fúria quase incontrolável.
— Eva! Precisa ser tão descaradamente hostil com a Lina? — Ele disse, enquanto a pegou nos braços com cuidado, era evidente o carinho e preocupação no olhar dele. — Ela é sua irmã!
— Eu não toquei nela. — Respondi, encarando Lina, que se escondida atrás dele me lançando um sorriso disfarçado e debochado. Achei aquilo simplesmente ridículo.
— Ainda tem coragem de negar? — Caio avançou um passo e agarrou meu pulso. — Todos da alcateia Lua Prateada sabem que você morre de inveja de Lina! Se não fosse você sempre sendo persistente e me perseguindo, eu nunca teria olhado para você!
No momento certo, Lina puxou o braço dele.
— Caio, deixa para lá... — Ela murmurou em meio a soluços. — A minha irmã só está muito magoada. Afinal, ela sempre acreditou que você escolheria a ela.
Essas palavras soavam como se estivessem pedindo por paz, mas só davam mais ênfase a minha tal fama de "persistente".
As vozes ao redor começaram a crescer e os cochichos se espalharam. Diziam que eu estava forçando um casamento usando o mérito do meu pai, e que não suportava a própria irmã. Cada palavra soava para mim como o cuspe das lobas da outra realidade, pegajoso e repulsivo, espalhando-se sobre o meu rosto.
A raiva de Caio só aumentou. Ele ergueu a mão e me deu um tapa forte no rosto.
— É melhor você se comportar! Se você encostar num fio de cabelo da Lina, eu mesmo vou te expulsar da alcateia Lua Prateada! — Ele disse.