No dia da cerimônia de marcação, encontrei meu companheiro e minha irmã, Rose, acasalando na sala das madrinhas. Foram flagrados. E eu me tornei o escândalo da alcateia. Foi quando o Alfa Nate se levantou e me marcou diante de todos. Depois do casamento, ele foi o companheiro perfeito: atencioso, gentil, carinhoso. Mas o nosso filho nunca veio. Só quando recorri à fertilização, finalmente engravidei. Ele passou a me tratar com ainda mais zelo. Até durante o sono, me chamava de "meu amor". Eu acreditei que aquilo era o presente da Deusa da Lua. Até o dia em que ouvi a conversa dele com o braço direito: — Você foi cruel demais, Nate. A Luna Diana sempre te tratou bem, e mesmo assim você trocou os óvulos dela pelos da Rose só porque a Rose tem medo de sentir dor? Agora a criança tá quase nascendo, o que você vai fazer? Ele ficou em silêncio. Depois suspirou: — Quando o bebê nascer, vou entregar ele à Rose. Vai ser o sonho dela realizado. — E pra Luna Diana, direi que o feto morreu. — Ela é só uma Ômega abandonada. Estar comigo pro resto da vida já devia ser o suficiente pra ela. As palavras doces, o carinho fingido... eram só fachada. Sem hesitar, marquei o procedimento de interrupção da gravidez. Eu não quero essa criança suja. E quero ainda menos esse casamento feito de mentiras. Sou uma Ômega da linhagem dos lobos, mas não sou a ferramenta de ninguém.
Leer másEle ainda parecia querer dizer algo, mas Rose explodiu num grito cheio de fúria:— Você tá do lado dela?!Os olhos estavam vermelhos, a expressão tomada por ódio. Ela encarava Alfa Nate com rancor:— Você não era sempre quem estava comigo? Você não disse que ia me ajudar? Por que agora mudou?Alfa Nate sorriu amargamente. A voz saiu com dor:— Rose, todos esses anos… Eu estava errado. Por que você simplesmente não consegue deixar isso pra trás?— Deixar pra trás? — Rose riu, descompensada. — Por que eu deixaria?! Eu só fiz o que você fez! Você mentiu pra ela por minha causa, e agora eu sou a errada?O olhar dela ficou desvairado. O riso, frio:— Agora você se arrepende? Pena que a Luna Diana já não liga mais pra você faz tempo!Os olhos de Nate se contraíram, como se tivesse levado um soco no estômago.Naquele instante, ele finalmente percebeu o quanto sua escolha tinha sido idiota.Mas eu não tinha mais interesse naquele drama.Lancei-lhe um olhar e disse, com calma:— A ambulância tá
Achava que, depois de tudo, Rose finalmente ficaria na dela. Mas subestimei o quão fundo ela podia cavar.Num fim de tarde, recebi uma mensagem da minha melhor amiga. O tom dela era gelado:— Dá uma olhada nisso. Essa mulher não tem mais nenhum traço de vergonha.Baixei os olhos para o celular e cliquei no link.Uma postagem longa, viral, saltou na tela. O título, em letras garrafais, dizia:"Ela roubou toda a minha felicidade desde que éramos pequenas."No post, Rose desfiava um rosário de falsas desgraças, se colocando como vítima da minha existência.Dizia que eu a humilhava desde criança, que usava meu status de filha mais velha pra pisar nela, que sempre ficava com tudo de bom da casa.Afirmava que eu era manipuladora, fingidamente doce, mas por trás fazia chantagem com os pais para tomar tudo dela, até seu companheiro.E mais: dizia que agora, ao recuperar meu título de princesa de Noctéria do Norte, eu estava usando poder e influência pra destruir ela.Que a forçara a se divorci
Aquela criança nunca foi dela.Ninguém sabia de onde a Rose tinha tirado aquele filhote, tentando enganar a todos como se fosse seu. Mas bastou o resultado do exame sair para a farsa cair por terra.Ela e o filhote foram expulsos do clã sem nem uma tira de carne seca pra levar.Aquela que antes desfilava cheia de pompa, agora não tinha sequer onde dormir.Cambaleando, voltou para a casa dos pais com os olhos vermelhos, à beira do colapso. Assim que abriu a porta, gritou:— Pai! Mãe! Pelo amor da Deusa, me ajudem!Mas tudo o que recebeu foi o silêncio pesado da sala.Os pais estavam sentados num banco de pedra. Ambos com o rosto carregado.A casa, antes perfumada de flores e ervas frescas, agora parecia tomada por um inverno permanente.O pai segurava um galho entre os dedos, o olhar sombrio. A mãe, com os ombros curvados e a expressão exausta, parecia ter envelhecido dez anos.Rose sentiu o ar mudar. Deu alguns passos, apressada:— Pai, mãe, façam alguma coisa! Meu companheiro me rejei
O rosto de Rose empalideceu de vez. Os lábios tremiam, como se ainda tentasse encontrar alguma desculpa.Mas os sogros dela não eram tolos.O nervosismo estampado na cara dela, somado à minha fala carregada de significado, foi o suficiente para que a semente da dúvida germinasse.— Rose, esse filhote é mesmo seu filho de sangue? — A sogra perguntou com o cenho franzido, a voz tensa.— Claro que é meu! Mãe, como pode duvidar de mim?! — A voz de Rose saiu esganiçada, carregada de desespero. Ela apertava o filhote contra o peito com tanta força que parecia acreditar que alguém fosse arrancar ele dos braços a qualquer instante.Mas aquele medo exagerado só servia pra revelar o que ela tentava esconder.O sogro a encarou com frieza. A expressão endurecida, a ordem veio seca:— Amanhã. Exame de sangue.As pernas de Rose fraquejaram, e o rosto ficou da cor de cinzas na neve.Foi então que, finalmente, o Alfa Nate se manifestou. Estava parado ao lado desde o início, em silêncio, mas agora sua
Mal dei dois passos e senti meu pulso ser agarrado com brutalidade por uma mão pesada e familiar.A voz que soou em seguida foi aguda, cortante, impossível de confundir. Era minha mãe.— Diana! Você é uma desgraça! Nem conseguiu proteger o próprio filhote e agora quer arruinar a vida da sua irmã?!Ela gritava com tanta fúria que parecia se despedaçar por dentro:— Ela finalmente deu um herdeiro à família do marido, e você aparece justo hoje pra estragar tudo? Quanto veneno tem no seu coração?!— Nós já rompemos nosso vínculo de sangue! Você foi expulsa! Não é mais nossa filha! Ainda tem a cara de pau de aparecer aqui pra passar vergonha?!Cada palavra dela soava como uma faca sendo cravada — não só em mim, mas no silêncio repentino que tomou conta do salão.Os convidados pararam de comer, de rir, de conversar. Todos se viraram ao mesmo tempo, atentos, tensos, como se assistissem a uma tragédia anunciada.O Alfa Nate também veio até nós. A testa franzida, a voz baixa, mas firme:— Diana
Nessa fase, meu corpo se recuperou rápido. Em pouco tempo, já estava com a força e o ânimo de volta.O documento oficial de dissolução do vínculo também chegou.Eu e o Alfa Nate não éramos mais companheiros. A ligação entre nós estava completamente rompida.Não senti nada de especial. Foi como acordar de um pesadelo longo demais. A mente finalmente clara. O coração, em paz.Eu estava livre. De verdade.Logo depois, fui direto para a maior filial da Aliança de Recursos do Norte de Noctéria.Dessa vez, eu não era a "companheira de alguém", nem a filha da família Charles, aquela Luna de fachada, sempre enfeitada, mas descartável.Dessa vez, eu era só eu.E estava pronta pra cravar minhas garras nesse mundo dos lobos e conquistar meu espaço com a minha própria força.Ao entrar naquele prédio imponente, um vulto elegante chamou minha atenção do outro lado do saguão.Era uma fêmea de postura refinada, vestindo uma túnica longa em verde escuro, cada detalhe escolhido com precisão. Quando os o
Último capítulo