CAPÍTULO 3– Nova aliança.
|Nolan|
Mulheres! Quanto mais bonitas, mais loucas. E eu estou dando em doido com o comportamento da Syara. Qual foi a ideia dela de aparecer nua a minha frente? E aquele corpo? Aquele…
Não conseguia parar de pensar nela, caminhando em minha direção, molhada. Sem roupa.
— Tentou transar ontem? — Logan apareceu na minha mesa, com uma pilha de documentos.
— O que é isso?
— Trabalho. Assim evita pelo menos pensar em sexo. E aquela sua vizinha louca? Já foi internada?
Olhei para cicatriz em sua mão. Ela acertou a faca em cheio nele. Uma de suas poucas obras primas.
— Vou sair nessa sexta-feira depois do trabalho. Não posso resolver os teus assuntos. Procura outra pessoa. Estou meio ocupado, preciso despachar isso para o dono. Sabe?
— Tá se achando por pegar a filha do dono?
— Eu não estou pegando ninguém. Syara não é flor que se cheira, nem mulher que se pegue. Sua mão deve concordar comigo. — Disse olhando para ele de baixo. — Deve ser difícil bater punheta com essa mão.
Levantei da cadeira e pisei o pé dele. — Da próxima vez que falar assim dela, eu atravesso essa mão pela sua garganta.
Ele deu uma risada leve. Mas pude sentir o medo. Podre. Desdenhoso.
Saí, antes que mais alguma conversa começasse. No meu prédio, Syara estava mascando um chiclete encostada no seu carro novo.
— O que está fazendo aqui? — perguntei. Ela ligou o carro automaticamente. O som do motor ecoou pelo bairro. — Brinquedo novo?
— Vamos viajar nessa maravilha. — Ela deu duas palmadas no capô do carro.
Bufei.
— Preciso fazer as malas. E ainda não é dia de viagem. Será apenas daqui a dois dias.
— Já pedi folga para você. Serão descontados nas suas férias é claro. E nem adianta levar aquela sua namorada. Eu não vou deixar que ela fique na sua casa, no máximo ficaria na minha casa e eu poderia garantir que em algum acidente ela não acordasse mais. Seria trágico né?
A tranquilidade como ela disse aquelas palavras. É bastante assustadora.
— Entra no carro! Agora.— disse. Me dirigindo ao banco do motorista.
— Mas eu quero dirigir.
— Nem pensar. Você é um monte de péssimas escolhas. Nunca confiaria em você. — entrei no carro e ela também.— Nunca confiaria a minha vida a você.
— Quer um prêmio? Ofereço medalhas de ouro.
Bufei.
Olhei pra frente e antes que arrancasse, Naila apareceu bem a nossa frente.
— Se você arrancar esse carro eu vou te dar toda minha fortuna. Eu juro. — Olhei para ela, e o sorriso parecia genuíno.
Dei uma risada e baixei o vidro. Naila andou até o lado do pendura.
— Eu vou com vocês. — Syara soltou uma gargalhada. Sinceramente contagiante. Quase verdadeira se ela soubesse distinguir emoções. Ela estava começando a ficar boa com isso de fingir.
— Pirou de vez? Onde pensa que vai? — Ela abriu a porta e saiu do carro. — inalou muita maconha? Foi? Acho que sim. — ela deu dois passos para frente e Naila para trás. — Nolan vamos embora agora, antes que eu meta a porrada nessa mulher que já está começando a me irritar.
— Naila… — puxei ela para um lado longe da Syara. — A gente precisa fazer isso entre família. As nossas mães devem ter organizado alguma coisa chata e sem graça. Não quero te aborrecer com minhas cenas embaraçosas de família.
— Eu sou sua namorada. Até quando vai me esconder da sua família?
— A gente está namorando apenas alguns meses. Um? Dois?
Ela me olhou com incredulidade. Nem eu sei que porra estava falando. Não acredito que acabei de esquecer quanto tempo a gente estava junto.
— Desculpa! Eu sei que soou mal, eu…
— Nolan…— Syara me chamou. Com tom impaciente. Quando olhei ela estava fazendo sinal, batendo os dedos no pulso. — Não podemos sair tarde.
Beijei a cabeça dela e depois a boca. Senti a frieza dela, e um leve tremor nas suas mãos.
— Quando voltar a gente conversa melhor pode ser? — Soltei e voltei para o carro.
Syara caminhou até ela. As duas conversaram, mas a loira ficou parada por alguns momentos até olhar pra mim e revirar os olhos. Inclinou-se para dizer alguma coisa para ela e logo voltou pra dentro do carro.
— O que vocês falaram?
— Não é da sua conta! E vê se controla mais o seu pinto. Seu babaca— disse ela sem enrolação.
Dei partida, vendo-nos distanciar de Naila. Ela continuou parada, até eu fazer a curva. Meu coração apertou, foi uma sensação horrível.
A viagem foi como sempre, ela gritando mais do que cantando. O vento esvoaçando os cabelos dela. E como se não bastasse. Ela abriu a escotilha do carro. Me obrigando a usar óculos de sol que ela provavelmente preparou com antecedência.
Estendeu os pés no tablier. Sentindo a tranquilidade do momento, ela adormeceu. Parei o carro para deixar ela confortável e quente. Dormindo ela parece um anjo. Acordada, parece uma completa ceifadora. Caçadora de alma.
Isso chega a ser perturbador. Sensualmente perturbador.
Quando chegamos. Levei ela direto para o meu quarto. Carreguei ela ao colo.
Estava dormindo tão tranquila. Que pedi para nossos pais não acordarem ela.
— Porquê vieram tão cedo? — Minha mãe perguntou, depois de fechar a porta.
— Ela queria fugir um pouco. Não acordem ela, sabe que fica rabugenta. — Falei descendo as escadas.
Meu pai estava esperando na sala. Com jornal na mão. — Ouvi dizer que sua mãe já escolheu a noiva.
Sorri descendo os últimos degraus. — Sério?
— Ela até é meio linda mas…
— Mas não agradou nada o senhor, não é?
— Hey, não sou quem vai casar.
— Desde que tenha uma entrada quente e menstrua doze meses ao ano . Para mim está ótimo.
— E aquela sua ficante? — Minha mãe finalmente perguntou, parada no batente da porta.
Sorri. Mas de nervoso. Naila é boa garota e tal, mas eu não posso dar o que ela queria.
— Não existe nada entre nós. Foram apenas algumas ficadas. Estou distante e não pretendia me casar com ela.
Meu pai sorriu. Fechou o jornal e cruzou as pernas.
— Cuidado para não fazer o que não deveria. Não se multiplique de maneira inadequada. — Disse a sua última palavra de forma mais acentuada.
Cruzei os dedos. — Nem pensar! Deus me livre de tal acontecimento. Por isso arranjei uma enfermeira. Elas sabem se cuidar. Ninguém melhor do que ela para se cuidar.
Na manhã seguinte, acordei com ela e minha mãe sorrindo. Alegremente, tão alegre que os gritos se podiam ouvir vindo da piscina.
Desci apenas de calça moletom, sem camisa, Maria estava na cozinha fazendo o almoço, ontem dormi tão tarde conversando com Naila, que nem notei a hora passar. Mas a melhor parte é que ela está calma. Por agora.
— Tem coisa que não sabe fazer? — Tirei os bolos que ela acabou de cozinhar. Beijei sua cabeça, cheia de cabelos brancos. Incrivelmente cuidados. Caminhei até a parte externa da casa, Syara estava de biquíni de banho, mais sexy impossível.
O corpo dela é tal igual a minha imaginação. Parece um verdadeiro sonho, ou um pesadelo por não conseguir tocá-lo.
— Boa tarde bela adormecida. — disse ela sorrindo. E sinceramente o sorriso mais falso que já vi. E o mais convidativo.