|NAILA|
Não sei quanto tempo passou, mas adormeci — em meio aos soluços e lágrimas sem consolo.
Quando olhei para o relógio, já marcava dez horas da noite. Levantei-me. Precisava de um banho urgente. Ainda cheirava a ampicilina e a luvas de borracha. O meu rosto trazia traços de uma tristeza profunda, e o cansaço se agarrava a cada músculo do meu corpo. Talvez, com um banho quente, ela — a tristeza — desgrudasse de mim.
Madison, minha colega e amiga de trabalho — também minha vizinha — entrou em casa correndo.
Quando vi o terror estampado no rosto dela, percebi que tinha esquecido de trancar a porta.
— Med? O que faz aqui a essa hora!? — eu ainda secava o cabelo com a toalha.
— Eu… eu sinto muito — disse, com o celular nas mãos. As lágrimas já se formavam, prestes a cair.
“Sinto muito.”
Duas palavras que eu conhecia bem. Somos velhas conhecidas.
Depois delas, vem a negação. A culpa. O arrependimento.
E, por fim, a solidão.
Achei que, para isso acontecer outra vez, eu precis