A noite fora frustrante. Mais uma vez, naquele clube imundo, a ruivinha atrevida me dispensara com um sorriso que mais parecia um insulto. Nunca vira mulher tão insolente, tão irritantemente fascinante. Já era tarde quando, frustrado e com o gosto amargo da rejeição na boca, resolvi ir para casa. Estava quase chegando quando me lembrei das pendências com o gerente, aquele sujeito roliço e sempre sorridente que me devia favores.
Voltei, meu irmão, Derrick, ao meu lado no Camaro. O ronco do motor era o único som que quebrava o silêncio tenso entre nós. Chegando ao balcão, procurando o gerente entre a multidão embriagada, ouvi aquela voz, amada e odiada em igual medida:
__“Nicolas… Nicolas, me ajude.”
Virei-me num instante. A cena me atingiu como um soco no estômago. Abdias, um dos investidores da minha empresa, um homem que transpirava arrogância e poder, agarrava Sofia, a pequena ruivinha do sorriso debochado, contra a parede. Ela se debatia, os olhos cheios de pânico, enquanto ele