Capítulo 65 - Me permiti viver.
Kate Ferreira
Desde o momento em que abri os olhos naquela manhã, soube que seria um dia difícil. O tipo de dia em que o peso do mundo inteiro parece repousar sobre o peito da gente, tornando até mesmo o ato de respirar algo doloroso. A luz que entrava pelas frestas da cortina parecia zombar do vazio dentro de mim, como se o mundo lá fora estivesse seguindo em frente enquanto eu permanecia estagnada, afundando em mágoas que se recusavam a me deixar.
Prometi a mim mesma que não me deixaria afundar. Que essa dor não me consumiria. Que eu era mais forte do que isso. Mas naquele dia… a tristeza me venceu.
Não saí do quarto. Ignorei o sol, ignorei o som das panelas na cozinha, ignorei o mundo.
Minha mãe precisou insistir mais de uma vez até que eu aceitasse comer alguma coisa. Ela bateu na porta com suavidade, entrou carregando uma bandeja com arroz, feijão, legumes e filé de frango grelhado, e olhou pra mim com aquele jeito de mãe que sabe exatamente o que dizer para nos derrubar — ou nos