Ricardo Santana
Já fazia uma semana. Sete dias desde que tudo desmoronou. Desde que vi o brilho desaparecer dos olhos da Kate enquanto ela me olhava como se eu fosse o pior erro da vida dela.
Desde então, viver tinha deixado de fazer sentido.
As noites eram um tormento. O sono não vinha, e quando vinha, era cheio de pesadelos e lembranças fragmentadas daquela última noite. Eu me revirava na cama, a mente repetindo, em looping, a imagem dela indo embora. O apartamento estava silencioso demais, frio demais… vazio demais.
Comer? Um sacrifício. Só o cheiro da comida já me dava náuseas. Se não fosse por Erick, provavelmente eu já teria desmaiado de fraqueza.
Ele chegou em São Paulo dois dias depois do ocorrido e, desde então, tem sido meu alicerce. Me arrasta para a mesa nas refeições, me obriga a sair para respirar, mesmo que eu só queira me encolher na cama e desaparecer do mundo.
Naquele dia, almoçávamos em silêncio. Eu mexia na comida, sem vontade real de comer, mas tentando não irrit