Capítulo 47 - Conhecidencia.
Kate Ferreira
A viagem para Santos foi surpreendentemente tranquila, o que era um alívio considerando minha ansiedade em apresentar Ricardo à minha família. O caminho foi preenchido com conversas leves e nostálgicas sobre nossas infâncias, relembrando tempos mais simples, quando brincar na rua até anoitecer era a maior das preocupações. Falamos sobre como tudo mudou, sobre como hoje em dia as crianças vivem mais conectadas aos celulares do que aos amigos do bairro, e nos questionamos se a nova geração saberia o que era ralar o joelho no asfalto e continuar brincando como se nada tivesse acontecido.
— Eu ainda sinto falta daquela época — comentei, apoiando a cabeça no encosto do banco e observando a estrada.
— Eu também — Ricardo concordou, mantendo uma das mãos no volante e a outra pousada casualmente sobre minha coxa, um gesto carinhoso que ele fazia sem perceber. — E pode ter certeza de que, quando tivermos filhos, eles vão saber o que é brincar na rua.
Aquela frase pegou-me de sur