(Ponto de Vista de Nick)
Meus pais haviam saído, e Sandra surgiu da cozinha. Ela estava chorando, e eu não gostava disso. Não entendia por que meus pais seriam tão cruéis com ela. Ela não foi a culpada por tudo o que aconteceu comigo; foi ela quem me salvou de uma situação ruim e me mostrou o tipo de esposa que eu tinha.
Eu não entendia por que eles a tratavam daquela forma.
— Sandra, me desculpe tanto. Eu vou falar com eles novamente e fazer com que entendam. Vou mostrar as provas dos crimes de Olivia, e então eles vão acreditar em mim e aceitar você como minha amiga próxima.
Acolhi-a em meus braços e a consolei.
— Não a tire de lá, Nick, tenho medo do que ela pode fazer comigo quando sair. Por favor, deixe-a lá. — Ela chorou ainda mais, apertando meu coração. Eu queria poder deixá-la lá; queria que ela ficasse mais tempo ali, mas meus pais não estavam brincando quando disseram que me deserdariam se eu não a soltasse.
— Não se preocupe, eu vou te proteger. Aquela mulher nunca mais vai se aproximar de você. Mas eu preciso fazer essa ligação. Eu tenho que tirá-la de lá, ou meus pais nunca vão me perdoar. Mas não se preocupe, eles serão os primeiros a mandá-la de volta para a prisão quando virem as provas dos crimes dela.
Ela parecia tão assustada. Olivia deixou nela cicatrizes enormes, e agora ela sairia sem pagar por seus crimes. Eu odiava que Olivia tivesse tanto controle sobre meus pais a ponto deles se recusarem a acreditar que ela poderia ser uma pessoa ruim.
— Espere aqui, eu preciso fazer essa ligação. — Sequei suas lágrimas e a deixei sentada no sofá. Liguei primeiro para o meu melhor amigo. Precisava de seu conselho.
— O que foi, Nick?
— Não posso ligar para o meu melhor amigo sem ser questionado? — Ele riu do outro lado.
— Não, você não pode, porque eu te conheço e só liga quando precisa de algo. O que você quer desta vez?
Ethan não era o mesmo comigo. Desde que fiz Olivia ser presa, ele não gostou disso.
— Meus pais querem que eu tire Olivia da prisão. — Esperei por sua resposta, mas ela não veio.
— Ethan, você ainda está aí?
— Estou aqui, mas não sei o que você quer que eu diga sobre isso. Você sabe como eu me sinto sobre o que fez, mas você me disse que isso não era da minha conta. Então, não entendo por que você está me ligando sobre isso.
Cortei a ligação. Eu nunca iria conseguir nada dele com essa atitude. Eu conhecia Ethan desde que éramos crianças, quando ele não gostava de algo, ele falava na hora e não importava o que você dissesse, ele nunca mudava de ideia. Ele era teimoso assim.
Liguei para o chefe da polícia, retirando as acusações, mas ele me disse para ir até lá assinar uns documentos. Disse que meus pais já estavam lá e estavam fazendo o maior escândalo. Suspirei, me sentindo derrotado. Voltei para dentro e encontrei Sandra sentada lá, olhando para o nada.
Fui até ela e me agachei na sua frente.
— Ei, tudo vai ficar bem. Eu não vou deixar ela chegar perto de você. Eu vou te proteger; prometo. Olivia não vai te machucar novamente.
Ela me deu um pequeno sorriso, mas não estava feliz, e eu sabia disso. Eu queria não ter que tirá-la de lá.
Mas, conhecendo meus pais, eles tirariam tudo o que eu conquistei, se eu não fizesse o que eles queriam.
— Eu preciso ir até a delegacia. Volto logo. Sam vai ficar aqui para te proteger. Ele vai estar bem lá fora.
Ela assentiu, e eu peguei as chaves e saí.
Quando cheguei na delegacia, o chefe da polícia já estava me esperando.
— Vem por aqui, Sr. Jones. — Ele parecia assustado, com gotas de suor se formando em sua testa. Eu sabia que tudo aquilo era obra do meu pai. O segui até seu escritório, onde meus pais estavam sentados esperando.
Ele me entregou os documentos.
— Você tem certeza de que quer que eu faça isso antes de olhar as provas de tudo o que ela fez?
Minha mãe cruzou os braços e não disse nada. Ela nem sequer olhou para mim. Olhei para meu pai, e seus olhos estavam gelados e distantes.
Suspirei, então assinei os papéis. Olhei para eles mais uma vez, e ainda parecia que não queriam que eu estivesse ali ou que ouvissem uma palavra do que eu tinha a dizer. Dei os documentos ao chefe da polícia e então saí dali. Eu estava com raiva!
Fui até meu carro e acendi um cigarro. Mau hábito, eu sabia, mas a situação com Olivia me deixava tão estressado. Comecei a fumar quando ela foi presa, e isso virou uma norma sempre que eu estava tenso. Isso me acalmava.
Fiquei olhando para a porta da delegacia, e depois de um tempo que pareceu uma eternidade, meu pai saiu primeiro. Apaguei o cigarro e me sentei melhor no banco, observando a porta. Minha mãe saiu em seguida, e eu esperei até que ela saísse.
Quando a vi, meu coração deu um salto. Ela estava fraca, pálida e suja. As roupas que usava eram as mesmas de quando foi presa, dois anos atrás. Ela parecia tão magra e desnutrida. Fiquei tão furioso ao vê-la assim, pensei que eles cuidariam dela. Eu nunca pedi que a tratassem daquela forma. Ela é minha esposa e eles deveriam ter sabido disso.
Eu só disse que ela não poderia receber visitas, que não a deixassem sair. Nunca pedi que fizessem o que fizeram para ela parecer daquele jeito. Com raiva, liguei o carro e saí. A culpa comia minha alma por dentro, mas ainda esperava que ela voltasse para casa comigo, para que eu pudesse me redimir.