(Ponto de Vista de Ethan)Eu estava prestes a sair para buscar Olivia e levá-la até o túmulo da avó dela, quando me sentei no carro e James, meu motorista e segurança, falou.— Senhor, acabei de receber um alerta, alguém acessou o registro prisional da senhora Jones.Nick! Que diabos ele está procurando?— Sabíamos que isso poderia acontecer algum dia, James, por isso tomamos tantas precauções. Eu suponho que não encontraram nada, certo?Ele assentiu. Eu não podia deixar que Nick descobrisse sobre Samuel. Ele não merecia saber nada sobre aquele garoto.— Mantenha assim. E James, se Nick algum dia descobrir sobre Samuel e tudo o que aconteceu com Olivia lá dentro, vou esquecer tudo o que passamos e todos os anos que você trabalhou para mim. Isso significa que vou te jogar no chão como um cachorro, se isso acontecer.Ele engoliu em seco e começou a dirigir. Nick achava que era o único suficientemente conectado para fazer as coisas acontecerem. Eu também era conectado, e não me tornei um
(Ponto de Vista de Olivia)A raiva que eu senti ao ver o túmulo da minha avó foi indescritível. A dor, no entanto, foi mais forte que a raiva que senti. A mulher fez tudo por mim, se certificou de que eu estudasse e me tornasse a mulher que sou hoje. Porém, não estive lá quando ela mais precisou de mim, não estive junto para dar a ela um sepultamento digno.Ela foi enterrada como um cachorro, sem lápide ou foto. Meu coração se despedaçou ao perceber que as coisas chegaram a tal ponto, que ela se tornou uma vítima colateral. Mas eu iria corrigir tudo isso. Aqueles que me prejudicaram, aqueles que me causaram essa dor, sentiriam a mesma dor multiplicada por dez.— Me leve de volta, Ethan, só vou avisar aos pais do Nick que estou voltando para casa.Ele assentiu e saímos do cemitério. Deixei minha avó com a promessa de que eu faria as coisas certas por ela. O caminho de volta foi silencioso, enquanto eu pensava em maneiras de fazer dinheiro. Eu não tinha emprego, e ninguém me contrataria
(Ponto de Vista de Olivia)Voltar para casa foi uma sensação estranha e ao mesmo tempo familiar. Cada cômodo que eu entrava me enchia de nostalgia e lembranças vívidas de mim e da minha avó. A casa estava suja, cheia de poeira. As paredes precisavam de uma nova pintura e o chão de um bom esfregaço.Eu limpava, tentando esconder as lágrimas, embora já tivesse chorado o suficiente no cemitério. Agora era hora de agir, não de continuar chorando. Foi então que alguém bateu à porta, e eu fui abrir. May estava do outro lado com um sorriso pretensioso no rosto.A mulher devia achar que eu ainda era a mesma Olivia ingênua de antes.— Sim? — Perguntei, levantando uma sobrancelha.— Olivia, sou eu, May.Ela realmente achava que eu não sabia quem era? Mas decidi seguir o jogo.— Caramba, não consegui te reconhecer, faz tanto tempo.Ela me empurrou de lado e entrou na casa.Isso me irritou, mas eu preferi ficar em silêncio.— Nossa! Essa casa precisa de uma boa limpeza! Ouvi falar da sua prisão, e
(Ponto de Vista de Nick)— O que está fazendo aí parado? Vai atrás da minha nora, diz que você sente muito e que vai fazer melhor. Vai, Nick, vai agora! — Disse minha mãe, me batendo repetidamente enquanto chorava. Ela amava Olivia e eu não gostava de vê-la daquela maneira. Mas o que mais eu poderia fazer, se ela não me queria? Eu não ia forçar ninguém a querer estar comigo.Segurei suas mãos para impedir que me batesse.— Mãe, ela não quer que eu vá atrás dela. Você ouviu o que ela disse. Ela quer o divórcio e nada que eu diga vai mudar isso. Me desculpe.Ela chorou ainda mais, se soltando de minha mão. Doía, o jeito como ela me olhava, como se estivesse olhando para alguém que ela desprezava.— Sai, sai da minha casa, Nick! — Ela gritou para mim. Olhei para o meu pai, mas ele só estava sentado lá, como se nada estivesse acontecendo. Eu soube então que tinha feito mais do que apenas decepcionado meus pais, eu os feri.— Me desculpe, mãe.Ela apenas me lançou um olhar fulminante e apon
(Ponto de Vista de Nick)Ethan disse algo que me fez refletir. Tudo o que ele falou fazia sentido, e eu me arrependi de muitas coisas. Mas eu não entendia por que ele mencionava que eu não cuidei da avó de minha esposa. Eu talvez tivesse me recusado a vê-la por causa da vergonha que sentia de encarar ela depois de ter mandado Olivia para a prisão. Mas eu sempre enviei dinheiro para o cartão dela todo mês.Ela deveria ter sido cuidada, mesmo com Olivia na prisão. Eu nunca a mandei para a cadeia para punir a avó dela.— Ethan, você me conhece, cara. Você acha que eu não cuidei da avó dela? Eu mandei dinheiro todo mês nos últimos dois anos. Eu talvez não tenha ido vê-la, mas me certifiquei de que ela tivesse dinheiro para viver confortavelmente.— Você mandou dinheiro, então por que ela foi enterrada em uma sepultura sem nome?— Eu não sei, Ethan. A pessoa que a enterrou pode não ter sabido que ela tinha dinheiro na conta. Para ser justo, ela mesma provavelmente não sabia que tinha esse t
(Ponto de Vista de Olivia)Eu não esperava ver Nick tão cedo depois de ter pedido o divórcio. Achei que ele já tivesse trazido os papéis quando o vi estacionado na esquina da minha casa. Mas, para minha surpresa, ele estava me espionando. Achava que eu ainda era a mesma Olivia ingênua que ele mandou para a cadeia, acreditando na mentira que ele me contou sobre a "visita".Devo admitir, no entanto, que meu coração deu um salto quando o vi. Isso aconteceu por dois motivos. Primeiro, eu fiquei com medo de que ele estivesse com os papéis do divórcio. Não sei por que, já que fui eu quem pedi o divórcio. Só sei que não foi fácil deixar ir alguém por quem ainda tinha sentimentos. Segundo, eu temia o quão definitivo o divórcio faria as coisas.O divórcio não me afetaria sozinha, mas também ao meu filho. Samuel é uma criança e, um dia, ele vai querer saber quem é o pai dele. Eu precisava estar certa de como falaria sobre isso quando esse dia chegasse. Mas eu não queria pensar nisso agora. Tudo
(Ponto de Vista de Nick)— Senhores, se foi por isso que eu vim de Vila Nova, então não estou impressionado. Temos uma reputação a manter, e vocês me trazem ideias como essa? Façam melhor! — Me levantei e ajeitei o paletó. Caminhei até a porta, mas me virei para o grupo. — Quero ouvir algo melhor amanhã, e isso não pode ser uma perda de tempo.Saí da sala de reuniões. Eu estava ali há dois dias e ainda não tinham me dado nada com o que eu pudesse trabalhar. Só porque a Jones’ Enterprise era uma grande empresa, não significava que deveríamos relaxar. Havia muita concorrência lá fora.— Senhor, pedi o seu almoço, está na sala.Fui em direção ao elevador, mas então me virei.— Eu quero comer fora hoje, preciso de ar fresco, preciso limpar minha mente e pensar. Me leve até aqueles restaurantes à beira-mar.Olivia gostava desses restaurantes à beira-mar. Ela gostava da brisa do mar, fechava os olhos e sentia a brisa acariciando seu rosto suavemente, como um beijo gentil de um amante dizendo
(Ponto de Vista de Olivia)Eu estava ocupada mostrando para os rapazes onde pendurar um quadro na recepção quando Nick entrou com uma expressão que mais parecia que ele estava pronto para matar alguém.— Todo mundo fora, agora! — Disse ele, e os rapazes se espalharam, me deixando sozinha perto da mesa da recepção, me perguntando o que diabos havia acontecido com aquele homem para agir daquele jeito.Ele andou lentamente até mim, com os olhos fixos em mim como se eu fosse sua presa. O olhar dele me fez lembrar da prisão, de como aqueles animais lá dentro costumavam me olhar quando estavam prestes a me espancar.Eu estremeci. Ele ficou a um palmo de distância, sem dizer nada, mas me olhando. Eu não desviei o olhar, também. A prisão me ensinou a enfrentar os valentões de frente, mesmo quando sabia que estava em desvantagem e em número menor.— Temos um filho juntos?Meu coração gelou e pude sentir minhas mãos tremendo um pouco.Mas não desviei o olhar dele. Eu sabia que ele tinha descober