Capítulo 83
Lucia Bianchi Strondda
Não gostei daquela Verônica — toda frágil, toda fingida — entrou como se fosse a última estrela de um filme barato e agora estava por aí, rindo com meu marido, como se tivesse direito a tudo. Era só o que faltava: a amiguinha das antigas chegando pra passear com o Don enquanto eu tinha que fingir calma e esperar.
Olhei pro relógio que vi na parede, 22:35. Se ele não entrar em quinze minutos eu juro que saio.
.
Quando o relógio marcou exatos quinze minutos, eu me levantei num pulo.
Nada de Don. Nenhum passo no corredor. Nenhuma sombra que fosse dele.
Abri a porta do quarto VIP. O som do metal batendo na parede ecoou mais alto do que eu queria, mas já não me importava.
A boate estava lotada — lotada demais. Luzes piscando, risadas que pareciam nervosas, o cheiro de bebida misturado a perfume caro.
Dei dois passos pra fora e parei, encostando a mão na lateral da parede. Os olhos correram o salão como quem caça algo.
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