Capítulo 14
Lucia Bianchi
O quarto virou um caos de vozes e passos, e por um segundo pensei que era o fim de tudo — o meu fim, o fim do pouco que me restava. Francesco, meu sogro, me viu nua, encolhida no lençol, e houve um olhar entre ele e aquele homem nojento que me fazia revirar o estômago até hoje.
Nunca esquecerei a cara de prazer que ele esboçou, como se eu fosse um objeto cuja utilidade finalmente fora demonstrada. Mas algo me surpreendeu:
— Não. — ouvi o sogro dizer, a voz engasgada numa mistura de raiva e vergonha — Pra que fazer isso? Faça algum outro corte nela que seja menos doloroso. Pode até ser lá em baixo, mas resolva. As pessoas vão comentar. Ninguém viu que entrei. Vou sair e vocês resolvem isso. Isabella precisa facilitar se não quiser se machucar mais.
As vezes esqueço que me chamo Isabella... Ou chamava.
As palavras cortaram meu coração e o silêncio que se seguiu parecia ainda mais pesado que os gritos. Eu tremia, agarrando o lençol como se ele fosse