Capítulo 99
Don Vinícius Strondda
A estrada até a casa do nono Pablo sempre teve cheiro de lembrança. De terra úmida, de café recém-coado, de infância que ainda insiste em ficar escondida nos cantos da memória.
Quando estacionei o carro diante da varanda antiga, vi o quadro que sempre me acertava: o velho sentado na cadeira de balanço, os cabelos cinzentos levantados pelo vento leve, e a avó Camila ali perto, ajoelhada nos canteiros, regando as flores com uma paciência que parecia dom divino.
Lucia parou ao meu lado quando descemos. O vestido dela balançou com a brisa. O colar brilhava como se tivesse vida própria.
O nono levantou os olhos.
Um sorriso lento, cheio de rugas e afeto.
— Ah… meu neto. — a voz veio arrastada, mas firme. — E trouxe a bambina.
— Buongiorno, nono. — cumprimentei, apertando sua mão com cuidado. — Está forte hoje, hein?
Ele bufou, quase rindo.
Camila se levantou, limpando as mãos no avental florido.
— Entrem, meus amores. — ela sorriu p