Capítulo 93
Lucia Bianchi Strondda
O velório foi pesado, e o enterro, pior.
O céu parecia cúmplice — nublado, abafado, sem coragem de chover de uma vez. O cortejo caminhou devagar atrás do caixão, e a cada passo a sensação de que estávamos enterrando mais do que um homem crescia no peito: enterrávamos um pedaço da história deles. Da nossa.
Don Vinícius, Antony, Alexei, Alex, Enzo e Peter carregavam o caixão nos ombros.
Não havia discurso. Só o silêncio pesado, rompido por choros contidos e alguns soluços que escapavam sem pedir licença.
O restante dos homens formava um corredor de proteção, armas escondidas sob os ternos, olhos atentos a cada ruído, a cada movimento estranho no cemitério.
Eu caminhava ao lado de Fabiana, segurando o braço dela. Camila, avó de Vinícius estava perto da irmã Larissa e das filhas do falecido. Às vezes alguém só precisa sentir que tem onde segurar, mesmo que tudo esteja caindo.
Larissa quase desmoronou quando o caixão começou a des