Narrado por Khaled
O som do gelo batendo contra o fundo do copo era quase terapêutico.
Fazia tempo que eu não tomava um whisky assim — sem ser em reuniões, em jantares com ameaças implícitas, ou em noites onde o álcool era mais arma que prazer. Mas hoje era diferente.
Hoje, eu precisava de uma pausa.
E quem melhor do que Rafiq pra isso?
— Mano, essa casa tá grande demais. Me perdi entre o elevador e a sua cozinha. — ele entrou na sala como sempre fazia: reclamando, sorrindo e com a mesma cara de safado de dez anos atrás. — E você ainda mora nesse palácio sozinho? Com uma mulher grávida e três ex-esposas mortas nas costas?
— Duas. — corrigi com a sobrancelha arqueada. — Só duas.
— Desculpa, é que o povo conta tanto boato que às vezes perco a conta. — ele jogou o casaco no sofá e se serviu do whisky sem cerimônia. — E então? Vai me dizer por que me chamou aqui com essa voz de “vou explodir alguma coisa”?
Solt