Narrado por Ranya
O dia estava quase terminando, e o palácio começava a se recolher para mais uma noite silenciosa. Eu já deveria ter ido embora para o meu alojamento, como todas as empregadas faziam religiosamente assim que cumpriam seus horários.
Mas algo dentro de mim, uma inquietação que eu não conseguia explicar, me fez desacelerar os passos. Em vez de ir direto para o meu quarto, desviei discretamente pelos corredores dourados, arrumando vasos de flores e fingindo que tinha trabalho a fazer.
Foi quando passei perto do escritório principal.
A porta, geralmente fechada, estava apenas encostada.
E de dentro vinham vozes.
A voz dele.
Parei, hesitando.
Eu sabia que era errado. Que ouvir conversas de Khaled poderia ser mais perigoso do que enfiar a mão numa caixa de cobras venenosas.
Mas... a curiosidade, a maldita curiosidade, foi mais forte.
Aproximei-me, lenta e silenciosamente, até ficar ao alcance da fresta.
Inclinei o corpo apenas o suficiente para ouvir.
A voz de Khaled era gra