Narrado por Khaled
Eu a vi atravessar as portas do hospital com o olhar ainda baixo, os passos lentos, o corpo mais frágil do que nunca. Lara era pequena naquele momento. Como se o mundo a tivesse esmagado e tudo que restasse fosse cansaço.
Segurei sua mão com firmeza e a levei até o carro. Em silêncio. Ela não soltou. E isso, pra mim, já era suficiente.
No caminho, ela manteve o rosto virado para a janela. Eu sabia que ela ainda estava tentando se recuperar daquilo tudo. E eu, por mais que tivesse o sangue fervendo de raiva do pai dela, me obriguei a respirar fundo e apenas... dirigir.
Quando entramos em casa, não a deixei fazer esforço algum. Peguei-a no colo.
— Khaled... — ela sussurrou, envergonhada. — Eu posso andar...
— Eu sei. Mas não quero.
Ela não discutiu.
Levei-a direto para o banheiro do quarto. Liguei o chuveiro, ajustei a temperatura, e voltei para ela.
— Tira a roupa. Eu vou te ajudar.
Ela hesitou. Ficou me olhando com aqueles olhos assustados.
— Eu