Narrado por Emanuelle
O espelho devolvia uma imagem que eu quase não reconhecia.
A maquiagem impecável. Os cabelos soltos em ondas suaves. O vestido justo, elegante, escolhido a dedo para provocar — mas o que me prendia não era o tecido, era o nó no estômago. A insegurança, cravada como alfinete na alma.
O quarto estava silencioso. O tipo de silêncio que grita. Caminhei devagar até a janela, olhando a luz laranja do entardecer engolindo o céu. O coração apertado, as mãos frias.
Eu deveria estar feliz.
Tinha vencido mais uma batalha. Tinha desafiado Samuel na sala. Tinha olhado nos olhos dele e o deixado sem palavras. Mas agora, sozinha, o gosto da vitória era amargo. Como se tudo aquilo não fosse suficiente.