78. CONTINUAÇÃO
VICTORIA:
Ricardo não reagiu de imediato. Parecia estar congelado diante da confirmação do que já sabia. Empenhado em digitar na tela, ao me ouvir, parou lentamente. Não disse nada de imediato; dirigiu seu olhar para a janela, onde podíamos ver a neve caindo sem parar.
—Eu sabia —murmulhou. Parecia que estava se dizendo isso—. Sempre soube.
Senti um vazio inesperado em seu tom; podia ver que a confirmação não lhe trouxe alívio. Quis dizer qualquer coisa que consertasse o ar denso entre nós, mas Ricardo girou lentamente em minha direção e me olhou profundamente, cheio de uma tristeza que me congelou ainda mais do que o frio do lado de fora.
—Vou ficar ao seu lado tanto quanto você quiser. Vou te proteger —continuou, com aquela calma calculada que me deixava mais nervosa do que sua anterior vulnerabilidade—. A você e ao bebê. Custe o que custar.
Deveria sentir tranquilidade diante de suas palavras, mas não as senti. Sentia que essa promessa pendia entre nós, separando-nos em