VICTORIA:

A sala parecia ter congelado. Meu tio não respondeu imediatamente; me olhou em silêncio. Movia os papéis que tinha à sua frente de maneira mecânica, sem olhar diretamente para mim. Sua expressão era difícil de decifrar, como se lutasse entre a necessidade de dizer o que quer que o estivesse perturbando e o medo de fazê-lo.  

Ricardo mal virou a cabeça para ele, mantendo os braços cruzados, reforçando a tensão que flutuava no ar.  

— Estou bem, Vicky — disse endireitando-se na poltrona —. Mas precisamos analisar muitas coisas.  

— Pare de dizer bobagens, Alberto. Vicky, ele precisa fazer repouso, mas é muito teimoso. Acabe de dar voltas e diga logo — apontou Javier com impaciência —. Já estamos aqui. O que você quer dizer? Temos um monte de roupinha de bebê para organizar.  

Meu ti