Sophie Narrando
Assim que cheguei em casa, me joguei no sofá. Nem tirei os tênis. Fiquei ali, olhando pro teto, com a barriga dando voltas e o coração pesando no peito. Grávida.
Essa palavra martelava na, minha cabeça desde que o médico falou. Era surreal. Ainda parecia um pesadelo, ou um sonho confuso demais pra ter fim.
Lizandra foi até a cozinha, voltou com um copo de suco e um pão com queijo, insistindo pra eu comer alguma coisa. Eu tentei, mas tudo parecia sem gosto.
— Você vai precisar se alimentar bem agora — ela disse, sentando ao meu lado. — Tem um bebê crescendo aí dentro.
Passei a mão pela barriga, como se já pudesse sentir alguma coisa. Ainda era cedo, eu sabia. Mas só o fato de saber que tem uma vida ali muda tudo. Muda a forma de respirar, de pensar, até de existir.
— E o pai? — ela perguntou de leve, olhando pra mim com cuidado. — Vai contar?
Fechei os olhos e respirei fundo.
— Não sei, Lili. Não sei mesmo.
Ela não respondeu nada, só ficou ali, do meu lado, respeitando