Flora Narrando
O som da voz da minha irmã me atravessou como uma flecha. Suave, fraca, mas viva. Por um instante, achei que tinha imaginado. Mas quando virei o rosto e vi os olhos de Luna se abrindo, minha respiração travou.
— Luna — sussurrei, me levantando como se algo dentro de mim tivesse acabado de renascer. — Luna, você tá me ouvindo?
Ela olhou pra mim, confusa, assustada, mas presente. Meus olhos se encheram de lágrimas, a mulher que comanda reuniões como uma tempestade, desmoronou ali, do lado da cama da minha irmã gêmea. O que eu senti foi um alívio tão profundo que nem sei descrever. Era como se eu tivesse prendido a respiração por dias e, finalmente, tivesse conseguido respirar.
Ela ainda estava viva. Machucada, sim. Sofrendo, sim. Mas viva. E nada mais importava naquele momento.
A dor dela pela perda do bebê rasgou meu peito. Ver Luna levando a mão à barriga e perguntando pelo filho foi como assistir o mundo desabar devagar. Ela desmoronou nos meus braços, chorando com a