Hoje o dia começou estranho. Um silêncio denso pairava no ar, como se o mundo segurasse a respiração. Eu sabia — a conversa de ontem ao entardecer foi um divisor de águas. E agora, não havia mais como ignorar o que viria depois.
Mas como contar para ele? Como dizer a Alessandro que eu carrego um parasita dentro de mim? Que eu infecto pessoas. Que posso alterá-las a nível molecular, que posso transformar corpos, apagar memórias, moldar consciências...
Como dizer que eu talvez seja mais velha do que toda a civilização atual? Que posso ter vivido mil anos ou mais... e não lembrar de absolutamente nada? Nem da minha vida anterior, nem da atual.
O que sinto por Alessandro não é simples. É intenso. Quase irracional. É uma obediência cega, algo que beira submissão. Quando olho para as outras pessoas, é como olhar vitrines de manequins: sem expressão, sem luz, sem cor. São peças no tabuleiro, ferramentas, alvos.
Mas ele...
Ele é cor. É movimento. É vida.
Enquanto o mundo gira em preto e branc