Boate Lua Nova
Era tarde da noite quando chegamos à Boate Lua Nova — Aurora, Xiaomei, Jair e eu. A cidade parecia respirar diferente ali, envolta em um brilho úmido, com o céu encoberto por nuvens prateadas e um vento suave que roçava a pele como um sussurro gelado. Havia algo belo naquela noite e inquietante.
A fachada da boate pulsava com luzes roxas e azuis, refletindo no asfalto molhado como se a cidade estivesse viva, dançando conosco. Lá dentro, o som era alto, grave, o tipo de batida que mexe com a alma antes mesmo do corpo.
Apesar de tudo, eu sentia um vazio estranho no peito. Um buraco silencioso que nem a música, nem as luzes, nem a proximidade de corpos preenchiam. Era como carregar o peso de lembranças que não sei se são minhas. Gente me olhava. Sempre olham. Mas não é curiosidade — é receio, medo... A minha presença não é apenas notada, é sentida.
Aurora se aproximou com passos leves. Usava um vestido branco que refletia como água ao luar, mas seus olhos azuis estavam car