Ana
O sol da manhã entrava pelas janelas da casa da piscina, iluminando o rosto de Emily enquanto ela desenhava no chão com seus lápis de cor. Eu segurava uma xícara de café, mas o líquido já estava frio. Minha mente estava em outro lugar, girando em torno da conversa com Mariana no café e da confissão para Dona Helena. Eu tinha dito a verdade para ela, mas ainda não para Léo. Cada dia que passava sem contar parecia apertar mais o nó no meu peito. Eu não podia mais fugir, mas a ideia de enfrentá-lo, de expor Emily a ele, ainda me paralisava.
— Mamãe, olha! — Emily levantou um desenho de um leão com uma juba colorida, sorrindo com orgulho. — É pro tio Léo!
Meu coração deu um salto. “Tio Léo.” Ela o chamava assim com tanta naturalidade, tão feliz, e eu me odiava por saber que estava mantendo uma parte tão importante da vida dela escondida. Forcei um sorriso, acariciando o cabelo dela.
— Tá lindo, meu amor. Ele vai adorar.
Enquanto ela voltava a desenhar, ouvi o som de pneus no cascalho