- Eu sempre amarei você, mamãe.
Ela tocou a ponta do meu nariz com o dedo e sorriu:
- Quem tem o nariz mais lindo do mundo?
- Eu... – Sorri.
- E os olhos?
- Eu...
- E... A barriga? – Me fez cócegas.
- Eu... – Gargalhei.
Todos os dias ela fazia aquilo comigo antes de dormir. E eu não conseguia adormecer sem que minha mãe fizesse as cócegas e aquela brincadeira que conheci desde sempre.
- Só seja você, Maria. E sei que isto será o suficiente para tocar o coração de seu avô.
Mordi o lábio, devastada pelo que sabia que estava acontecendo. Sim, por mais que ela sempre tivesse me preparado para aquele momento, não sabia que doeria tanto.
Mamãe me abraçou com força e naquele momento eu soube que era chegada a hora de dizer adeus, o momento ensaiado ao longo dos meus nove anos.
- Amo você, Maria. E sempre amarei. Que Deus sempre esteja com você. – Deu-me um beijo na ponta do nariz.
Em seguida minha mãe levantou-se e tocou a campainha.
- Pois não? – Ouvi a voz vinda de além, parecendo sair de