Leo Tudor
A manhã começou como todas as outras.
Silenciosa. Controlada. Exatamente como eu gostava.
O sol entrava pelas janelas altas da sala de jantar, refletindo na mesa impecavelmente posta. Café preto, frutas cortadas com precisão excessiva e pão ainda quente. Nada fora do lugar.
Exceto minha filha.
Mel estava sentada à minha frente, balançando as pernas com impaciência, os braços cruzados e o olhar emburrado fixo no prato.
— Vai comer ou pretende encarar a comida até ela se sentir intimidada? perguntei, pegando minha xícara.
Ela fez um som irritado com a boca.
— Não tô com fome.
— Engraçado comentei, calmamente. Ontem você estava com bastante energia para chamar a babá de dentadura.
Os olhos dela se arregalaram por um segundo… depois vieram o desafio e a teimosia que ela herdou de mim.
— Ela foi chata.
— Ela estava fazendo o trabalho dela respondi, firme. E você foi desrespeitosa.
Mel virou o rosto, claramente contrariada.
— Ela não gostava de mim.
Apoiei a xícara no pires com