Kairós Chávez
Eu estava me preparando para sair com Lia. Queria causar uma boa impressão. Camilla, minha irmã, e Cléber, seu marido, estavam na sala, assistindo TV. — Não exagere no perfume, mano! — disse Camilla, rindo. — Você vai espantar a moça! Cléber, que estava sentado ao lado dela, gargalhou. — Vai espantar, ao invés de conquistá-la! — disse ele, em tom de deboche. Eu sorri. — Não se preocupem, eu sei o que estou fazendo — disse, aplicando mais um pouco de perfume. Camilla revirou os olhos. — Você está usando o perfume "Sedução Fatal" para matar? — perguntou. Cléber riu. — Ou para seduzir? — disse. Eu ri. — Talvez um pouco de ambos — disse, sorrindo. Camilla se levantou e veio até mim. — Sério, Kairós, você está ansioso para impressionar moça? — perguntou. — Estou — disse. — Ela é especial. Cléber se levantou. — Então, vá e conquiste! — disse. — Mas não esqueça de nos contar tudo amanhã. Eu sorri. — Vou contar — disse. — Agora, preciso ir. — Boa sorte! — disse Camilla. — Você vai precisar! — brincou Cléber. Eu ri e saí da casa, sentindo-me confiante e preparado para uma noite inesquecível com Lia. Dirigi até a casa de Lia, pensando em como seria nossa noite juntos. Ao chegar, bati na porta e esperei, ansioso para vê-la. A porta se abriu e, para minha surpresa, Esmel estava parada na frente de mim, com um sorriso no rosto. — Tio Kairós! — exclamou, abrindo os braços. Eu sorri e me agachei para dar um abraço nela. — Oi, meu amor! — disse. — Você está cuidando da casa? Esmel assentiu. — Sim, tio. A Sra. Garcia está aqui também. Eu me levantei e olhei para dentro da casa, procurando por Lia. — E sua mãe? — perguntei. Esmel apontou para dentro da casa. — Mamãe está se arrumando. Sorri e entrei na casa, com Esmel ao meu lado. — Você vai fica com a Sra. Garcia hoje à noite? — perguntei. Esmel assentiu. — Sim, tio. Lia apareceu no corredor, linda em um vestido vermelho. — Pronta? — perguntei. Lia sorriu. — Sim. — Então vamos? — perguntei. Lia assentiu e se virou para Esmel. — Meu amor, se comporte e obedeça à Sra. García, tá? E não vá dormir tarde — disse. Esmel sorriu. — Sim, mamãe! — respondeu. Lia deu um beijo na testa de Esmel. — Eu amo você, meu amor — disse. — Eu também amo você, mamãe — respondeu Esmel. Eu sorri. — Vamos? — repeti. Lia assentiu novamente. — Sim. Despedimo-nos de Esmel e da Sra. García, que estava sentada no sofá, lendo um livro. — Cuidado com Esmel, por favor — disse Lia. — Não se preocupe — respondeu a Sra. García. Saímos da casa e caminhamos até o carro. Durante o trajeto, conversamos sobre nossos planos para a noite. — Quer jantar em um restaurante italiano? — perguntei. Lia concordou. Ao chegarmos ao restaurante, ajudei Lia a sair do carro e juntos entramos no estabelecimento. A noite prometia ser inesquecível. Vamos continuar com o jantar e explorar mais os sentimentos de Lia. O restaurante italiano era aconchegante e romântico. A luz suave das velas e o aroma de massa fresca criavam um ambiente perfeito para uma noite especial. Lia e eu nos sentamos à mesa e começamos a estudar o cardápio. — O que você recomenda? — perguntei. — O espaguete ao pesto é delicioso — respondeu Lia. — Vou experimentar — disse. Enquanto esperávamos pela comida, conversamos sobre nossos interesses e sonhos. Lia falou sobre sua paixão pela arte e sua vontade de viajar pelo mundo. Eu compartilhei meus objetivos profissionais e meus hobbies. A conexão entre nós era forte e fácil. Quando a comida chegou, ficamos em silêncio por um momento, saboreando os sabores. — Isso é incrível — disse Lia. — Sim, é — concordei. Durante o jantar, senti que Lia se abria cada vez mais comigo. Ela ria e sorria com facilidade. Parecia que havia uma conexão profunda entre nós. — Lia? — disse eu. — Sim? — respondeu. — Você se sente feliz quando está comigo? — perguntei. Lia olhou para mim. — Sim — disse. — Eu me sinto muito feliz. Meu coração pulou. — Eu também — disse. Ela sorriu parecendo sem graça. — Você vem de onde, Lia? Notei que você tem um sotaque diferente! — eu disse. Lia hesitou por um momento antes de responder. — Eu... eu sou da Itália — disse. — Da Itália? — repeti, surpreso. Lia assentiu. — Sim, eu me mudei para o México há alguns anos. — Ah, entendi — disse eu. — De que região da Itália você é? Lia sorriu. — Sou de Florença — disse. — Que linda cidade! — exclamei. — O que te fez deixar a Itália? Lia olhou para baixo, seu rosto se fechando. — É uma longa história — disse. Eu percebi que havia tocado em um assunto sensível. — Desculpe — disse eu. — Não preciso saber. Lia olhou para mim, seus olhos brilhando. — Não, não é isso — disse. — É só que... é complicado. Eu segurei sua mão. — Quando estiver pronta, estarei aqui para te ouvir — disse. — Obrigada, você é um excelente amigo — disse ela sorrindo. Meu sorriso morreu, não era isso que eu esperava ouvir. Eu queria que ela visse em mim algo mais, alguém especial. — Excelente amigo? — repeti, tentando esconder minha decepção. Lia não percebeu meu tom. — Sim, você é muito gentil e compreensivo — disse. Eu senti um nó na garganta. Ser apenas um amigo não era o que eu queria. — Lia, posso falar algo? — disse eu, hesitante. — Claro — respondeu. — Eu... eu sinto algo mais por você — disse, meu coração batendo forte. Lia olhou para mim, surpresa. — Mais? — perguntou. Eu assenti. — Sim, mais. Eu gosto de você, Lia. O silêncio foi pesado.