Lia Perroni
O impacto da voz de Esmel pareceu atingir Marcelo como um raio. Sua mão afrouxou o aperto em meus cabelos, e ele se virou lentamente para encarar a figura frágil no topo da escada. A raiva em seu rosto deu lugar a uma expressão confusa, quase atordoada.
— Esmel... meu amor... o que você está fazendo aí? — ele perguntou, sua voz surpreendentemente suave, quase um sussurro. Era como se a presença da filha tivesse acionado um interruptor, fazendo emergir uma faceta paterna que eu raramente via.
As lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Esmel enquanto ela descia hesitantemente alguns degraus, seus olhinhos fixos em mim, caída no chão.
— Você está machucando a mamãe... por que você está fazendo isso? Ela não fez nada de ruim — sua voz infantil ecoava pelo silêncio da casa, carregada de uma tristeza inocente que era muito mais cortante do que qualquer grito.
Marcelo pareceu cambalear diante das palavras da filha. Ele soltou meu cabelo completamente e se levantou, seus olho