Lia Perroni
Desço do ônibus e vejo a minha cidade natal, Esmel está em meus braços dormindo. O sol está começando a se pôr, e a cidade está banhada em uma luz dourada.
— Deixe que eu te ajudo com as malas, moça! — um rapaz que também estava no ônibus diz, sorrindo.
— Obrigada! — digo, sorrindo para ele.
O menino me ajuda a colocar as malas em um táxi, e eu dou o endereço para o motorista. Dentro de alguns minutos, estou em frente à minha antiga casa, onde morava com Marcelo.
Esmel já havia acordado e olha para mim com curiosidade.
— Mamãe, o que estamos fazendo aqui? — ela pergunta, com uma voz suave.
Me agacho para ficar do seu tamanho e olho para ela com um sorriso.
— Estamos voltando para casa, querida! — digo, tentando soar animada.
Ela olha para nossa casa com receio, e eu posso ver a preocupação em seus olhos.
— Mas o papai vai te machucar... — ela diz, com uma voz trêmula.
Meu coração dói ao ouvir suas palavras. Eu sei que Esmel está com medo, e eu não posso culpá-la.
— Não va